Liturgia Diária

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste

Com a procissão de Ramos se inicia a Grande Semana, que desejamos que seja Santa; a semana do amor, porque é por amor que Jesus entrega a própria vida.
Oração diária, Domingo de Ramos - Mc 15,1-39
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Domingo de Ramos da Paixão do Senhor – Ano Litúrgico – B

Liturgia do dia 24 de março de 2024

Façamos a oração do dia: Pai, ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.

PRIMEIRA LEITURA: Is 50,4-7

Leitura do livro do Profeta Isaías:

O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.

Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

SALMO 22(21)

— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

— Riem de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!

— Cães numerosos me rodeiam furiosos e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos.

— Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!

— Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós, que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o, toda a raça de Israel!

SEGUNDA LEITURA: Fl 2,6-11

Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses:

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz.

Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10 Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11 e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

EVANGELHO: Mc 15,1-39

Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo Marcos:

Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. E Pilatos o interrogou:

Leitor 1: “Tu és o rei dos judeus?”

Narrador 1: Jesus respondeu:

— “Tu o dizes”.

Narrador 1: E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. Pilatos o interrogou novamente:

Leitor 1: “Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”

Narrador 1: Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado. Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. 7 Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou:

Leitor 1: “Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”

Narrador 2: 10 Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. 11 Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. 12 Pilatos perguntou de novo:

Leitor 1: “Que quereis então que eu faça com o rei dos judeus?”

Narrador 2: 13 Mas eles tornaram a gritar:

— “Crucifica-o!”

Narrador 2: 14 Pilatos perguntou:

Leitor 1: “Mas, que mal ele fez?”

Narrador 2: Eles, porém, gritaram com mais força:

— “Crucifica-o!”

Narrador 2: 15 Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. 16 Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. 17 Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. 18 E começaram a saudá-lo:

— “Salve, rei dos judeus!”

Narrador 1: 19 Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20 Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.

Narrador 2: 21 Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. 22 Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”. 23 Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. 24 Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.

Narrador 1: 25 Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. 26 E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O Rei dos Judeus”. 27 Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.(28) 29Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:

— “Ah! Tu, que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, 30 salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”

Narrador 1: 31 Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo:

— “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! 32 O Messias, o rei de Israel… que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”

Narrador 2: Os que foram crucificados com ele também o insultavam. 33 Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. 34 Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:

— “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”

Narrador 2: Que quer dizer:

— “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Narrador 2: 35 Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:

— “Vejam, ele está chamando Elias!”

Narrador 2: 36 Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:

— “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.

Narrador 1: 37 Então Jesus deu um forte grito e expirou. (Todos se ajoelham um instante) 38 Nesse momento, a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. 39 Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:

— “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

Lá fora se arma uma conspiração. Dentro, a traição está em andamento. Começam os últimos dias de Jesus. Procuram um meio para prendê-lo e matá-lo. Em Betânia, há uma refeição na casa de Simão, o leproso. Uma mulher, anônima, unge a cabeça de Jesus com um perfume muito caro. Outros evangelistas dizem que a mulher ungiu os pés de Jesus. Quem unge a cabeça são os sacerdotes e os profetas. Judas encaminha a sua traição.

No fim da tarde, celebra-se o primeiro dia da Páscoa judaica. No Cenáculo, Jesus celebra a primeira Missa e anuncia a traição de Judas. Tomou o pão e disse: “Isto é meu Corpo”. Tomou o cálice e disse: “Isto é o meu Sangue, o Sangue da Aliança”. Jesus anuncia a traição de Pedro. No jardim das Oliveiras, Jesus é o Cordeiro humilhado, que será levado ao matadouro. Judas chega com muita gente, com armas e paus.

Dá um beijo em Jesus. Jesus é preso e todos os seus discípulos o abandonam e fogem. Um jovem enrolado em um lençol é agarrado, mas foge também, nu. Acredita-se que este jovem seja Marcos, o evangelista. Não sobrou nada. O último dos discípulos escapou sem roupa. Durante a noite: Jesus é julgado pelos judeus, e os judeus zombam dele como profeta. Pedro, que seguiu Jesus de longe, diz que não o conhecia. De manhã: Jesus é julgado pelos romanos, e os romanos zombam dele como rei. Jesus é crucificado e sofre a zombaria da multidão como Messias. Ao meio-dia: a terra se cobre de trevas e o véu do Santuário se rasga. Zombam dele ainda duas vezes, invocando Elias, o precursor do Messias.

De tarde: um grito: “Por que me abandonastes?”. Outro grito, este forte, e a morte. O romano zombador reconhece: “Este é o Filho de Deus!”. Antes do cair da noite: José de Arimateia, do Sinédrio dos judeus, cuida do corpo e o sepulta. Por três vezes Jesus tinha anunciado a sua Paixão dolorosa, mas não foi compreendido pelos discípulos. Eles tiveram muita dificuldade em entender quem era Jesus. Pensavam estar seguindo um Messias poderoso como os poderosos deste mundo. Jesus, porém, já tinha dito: “Os chefes das nações as dominam e oprimem.

Entre vocês não será assim”. Jesus vence o poder demoníaco, que é o poder deste mundo, agindo como o servidor de todos, a partir do último lugar. Jesus não permanece na morte. Ele ressuscitará e começará tudo de novo, em um novo encontro com os discípulos na Galileia. O evangelista São Marcos vê Jesus em sua Paixão e Morte como um cordeiro manso e humilde, levado ao matadouro. É o Servo Sofredor que, abandonado, grita pelo Pai.

LEITURA ORANTE

Oração Inicial

Domingo de Ramos. Contemplemos o Senhor Jesus Cristo que veio ao nosso encontro e partilhou as alegrias e dores de nossa humanidade. Fez-se o Servo de todos para que toda a maldade, egoísmo e pecado fossem vencidos. Fortalecidos por seu exemplo e seu amor possamos seguir no Caminho da salvação.

Envia teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolha Tua Santa Palavra! Que eu te conheça e te faça conhecer, te ame e te faça amar, te sirva e te faça sevir, te louve e faça louvar por todas as criaturas. Faze, ó Pai, que pela leitura da Palavra, os pecadores se convertam, os justos perseverem na graça e que todos consigamos a vida eterna. Amém!

Leitura (Verdade)

Com a procissão de Ramos se inicia a Grande Semana, que desejamos que seja Santa; a semana do amor, porque é por amor que Jesus entrega a própria vida. São dias nos quais o amor supera todo sofrimento humano. Um amor incondicional, infinito e fiel, o amor do Filho de Deus, que ultrapassa a traição e a crueldade humana para reconciliar tudo e todos por amor. O sofrimento, a angústia, a morte, nada faz Jesus desistir de realizar a vontade do Pai. Ele é o Servo fiel de que fala Isaías (cf. Is 50,4-7). Essa mesma firmeza e fidelidade, Jesus espera de seus discípulos. Celebrar a Páscoa em nossa casa é o desejo do Senhor. Queremos acompanhar os passos de Jesus na densidade desse amor-doação?

Meditação (Caminho)

O que este Evangelho tem a ver com a realidade que você vive hoje?
Tome consciência do movimento interno que a Palavra suscitou em você, preste atenção aos seus pensamentos, sentimentos, iluminação, inspiração, apelos…
Permaneça em silêncio por alguns instantes e deixe a Palavra encontrar espaço em sua vida. Reveja suas ações, confronte suas atitudes com a mensagem deste Domingo de Ramos.

Oração (Vida)

Pai, eu te agradeço porque tua Palavra sempre realiza o propósito para o qual tu a enviaste. Ajuda-me a incluir tua Palavra nas minhas orações e que minhas atitudes sejam coerentes com minhas palavras que pronuncio na tua presença.

Se desejar reze com o salmista:
“Tu, Senhor, manténs acesa a minha lâmpada; o meu Deus transforma em luz as minhas trevas.
Com o teu auxílio posso atacar uma tropa; com o meu Deus posso transpor muralhas. Este é o Deus cujo caminho é perfeito; a palavra do Senhor é comprovadamente genuína.
Ele é um escudo para todos os que nele se refugiam. Pois quem é Deus além do Senhor? E quem é rocha senão o nosso Deus?
Ele é o Deus que me reveste de força e torna perfeito o meu caminho.”

Contemplação (Vida e Missão)

O que a vida está lhe pedindo agora? Como você se propõe a viver esta Palavra hoje?

Bênção

Benção especial da Quaresma
– Deus Pai de misericórdia, conceda a todos, como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno a casa. Amém.
– O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, nos guie nesta jornada quaresmal a uma verdadeira conversão. Amém.
– O Espírito de sabedoria e fortaleza nos sustente na luta contra o mal, para podermos com Cristo celebrar a vitória da Páscoa. Amém.
– Abençoe-nos, Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Homilia Dominical