Homilia do 33º Domingo do Tempo Comum – B

Homilia a Vinda do Senhor
Home Homilia DominicalAno B - 2015 Homilia do 33º Domingo do Tempo Comum – B

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Meus queridos Irmãos,

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Estamos adentrando no último quartel do ano litúrgico. No domingo próximo celebraremos a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Na semana seguinte, depois das comemorações alusivas ao Senhorio do Redentor do gênero humano, iniciamos o tempo especial de preparação do Advento na doce e festiva esperança do Nascimento do Salvador, o Menino Jesus, com a proximidade da abertura do ano santo da misericórdia, a ser iniciado em 08 de dezembro, com a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Por isso mesmo a liturgia de hoje é permeada de gostinho de céu, de gostinho das bem-aventuranças eternas. Refletimos hoje sobre a realidade eterna, sobre o céu, sobre as bem-aventuranças. Por isso podemos cantar como o Senhor nos ensinou na oração universal: “Vivendo de esperança, aguardamos a vinda gloriosa do Cristo Salvador!”  Jesus volta ao mundo para coroar de êxito toda a esperança humana, toda a esperança nesta nossa caminhada de fé e de graça. Nada de fim de mundo, mas de início de uma nova vida, a vida eterna, a vida na graça, a vida que brota da própria vida que é Jesus, o Senhor.

Para muitos que não tem fé a morte é o fim, conforme refletimos na festa de finados. Mas, para os cristãos a morte é permeada de sentido eterno, de sentido de salvação, de sentido escatológico, de uma visão beatífica junto de Deus.

Todos nós morremos um pouco diariamente: morremos para o pecado, morremos para a auto-suficiência, morremos para o consumismo, morremos para a vaidade, e renascemos para a graça, renascemos para a santidade, renascemos para a vida nova, renascemos para a vida de comunidade, para a vida da misericórdia aonde procuramos a vida de comunhão na Santíssima Trindade.

O cristão não espera uma coisa determinada. O cristão espera por uma pessoa determinada, com nome e sobrenome: JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO, e REI DE NOSSA VIDA. A morte é um acontecimento pessoal, entre duas pessoas: nós e o Cristo, que nos vem ao encontro para fazer conosco uma comunhão. O fim do homem não é a morte e o nada, mas Jesus Cristo, em direção de quem crescemos ao longo da vida. No momento do encontro, une-se nossos destinos, identifica-se nossa história. Nele, o “Vivente”(Cf Ap 1,18), viveremos para sempre.

Estimados irmãos,

Jesus está em Jerusalém(cf. Mc. 13,24-32). Lá ele pronunciará o chamado Discurso Escatológico, ou seja, o discurso que trata das coisas após a morte. Usando um estilo apocalíptico Jesus retoma suas grandes lições para a vida da comunidade no presente e seu caminhar para o amanhã. Nos ensinamentos de Jesus, muitas vezes presente e futuro se confundem. A história da salvação é um projeto que vai se realizando. Por isso é sempre alguma coisa a vir e, ao mesmo tempo, alguma coisa que está acontecendo e nos envolve e nos anima.

A segunda vinda de Jesus é chamada de Parusia, ou seja, de chegada. Jesus retornará repleto de seu resplendor e cheio de autoridade para julgar os vivos e os mortos. Será o Rei da Justiça e o Pai da Misericórdia, sendo estes o seu código de julgamento: “a salus animarum”, como cantou o autor eclesiástico das letras canônicas, ou seja, o homem que defenderá a salvação das almas. Aqueles que construíram em vida um caminhar repleto de misericórdia e de justiça, vivendo na graça de Deus, cumprindo os seus mandamentos, sendo caridoso, cumprindo com as prescrições de uma vida santa e coerente, este poderá entrar no regaço do Senhor, vem bendito do meu Pai ocupar o lugar que vos foi preparado.

O Santo Evangelho de hoje realça exatamente esta segunda vinda de Cristo: esperança, desapego e boas obras são a senha para uma vida digna de ser aquinhoado com a vida eterna. Para o doce encontro com o Senhor Ressuscitado é mister ficar desapegado de tudo, destruir, ao longo da vida, o templo em que adoramos os nossos ídolos, que impedem de todo ver ou impedem de ver com limpidez e candura a face amorosa de Deus.

Cultivamos nossos ídolos como se fossem sagrados, por isso mesmo levam o nome de ídolos. Quantas vezes damos maior importância a nossa casa, ao nosso carro, ao nosso celular, ao nosso computador, a nossa roupa ou ao nosso passeio? Quantas vezes estes bens transitórios são mais importantes do que os bens eternos que repousam e residem em Jesus Cristo e na sua Santa Igreja Católica? Jesus alude a destruição do Templo, efetivamente ocorrida no ano 70, não para falar do templo estrutura construída por mãos humanas, mas para realçar o seu templo que foi destruído com a morte e reerguido com a vitória sobre a morte com a ressurreição ao terceiro dia.

Os cristãos, convictos de que Deus tem um projeto de vida para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Nós, os batizamos, não podemos ler a história atual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída. Ao contrário devemos ver os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho irá ser transformado e renovado, até surgir um mundo novo e melhor.

Para o cristão, não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo… Os nossos contemporâneos têm de ver em nós, não gente deprimida e assustada, mas gente a quem a fé dá uma visão optimista da vida e da história e que caminha, alegre e confiante, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu.

Por isso mesmo é Deus, o Senhor da história, que irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na concretização desse projeto. A religião, a fé católica, não é ópio que adormece os homens e os impede de se comprometerem com a história… Os cristãos não podem ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, esse mundo que está nos projetos de Deus. Isso implica, antes de mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho); isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo – a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a paz.

Amados Irmãos,

Jesus é a porta da vida eterna

Esse é um encontro que nenhum de nós poderá fugir. É um encontro inexorável. “O céu e a terra passarão, minhas palavras não passarão”.(Mc 13,31) A primeira Leitura(Dn 12,1-3) nos conta como os apocalípticos antes de Jesus imaginavam os últimos dias. Os justos ressuscitarão para a vida eterna, os impôs para a vergonha sem fim. A realidade decisiva não é aquela que se mostra aos nossos olhos. A nossa ressurreição, entretanto, já começou na medida em que nossa vida está toda unida à de Cristo, que ressuscitou pela salvação de nossos pecados. A vida que dura não é a das células do corpo, mas a da comunhão em Deus. A ressurreição de Jesus é a amostra segura dessa vida: quem segue Jesus, já está encaminhado para essa vida que não tem limite, por ser a vida de Deus mesmo. Jesus não perde a validade. Observando sua palavra e vivendo sua prática de vida já estamos vivendo a vida sem fim que se manifestou na ressurreição de Jesus.

Assim, depois que cada ser humano tiver participado da sorte de Cristo, tiver enfrentado as provações, perseverado no bem e vivido o mandamento do amor, será o fim. A realidade última manifestar-se-á diante de todos. Os justos receberão a recompensa e os que não tiverem acolhido o dom de Deus, serão confundidos para sempre. A recompensa, a comunhão feliz com Deus e o próximo para sempre é chamado céu. A confusão eterna é chamada de inferno, que consiste na eterna carência do amor de Deus e ao próximo.

Aqueles que, apesar da perseguição e do sofrimento, se mantiveram fiéis a Deus e aos seus valores, esses estão destinados à “vida eterna”. A primeira leitura não explica diretamente em que consistirá essa “vida eterna”; mas os símbolos utilizados (“resplandecerão como a luminosidade do firmamento”; “brilharão como as estrelas com um esplendor eterno” – vers. 3) evocam a transfiguração dos ressuscitados. Essa vida nova que os espera não será uma vida semelhante à do mundo presente, mas será uma vida transfigurada. É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua vida não é – garante-nos o nosso autor – sem sentido e não está condenada ao fracasso; mas a sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna. Embora sem dados muito concretos e sem definições muito claras, começa aqui a esboçar-se a teologia da ressurreição.

Prezados irmãos,

A segunda leitura – Heb 10,1-18, é parte da conclusão da reflexão sobre o sacerdócio de Cristo. O autor sagrado repete temas desenvolvidos nos capítulos precedentes, procurando, uma vez mais, pôr em relevo a dimensão salvadora da missão sacerdotal de Jesus. O objetivo é despertar no coração dos crentes uma resposta adequada ao amor de Deus, manifestado na ação de Jesus. Jesus, o Filho amado de Deus, veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus no sentido de nos libertar do pecado e de nos inserir numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos.

Por isso mesmo no dia do nosso Batismo, aderimos ao projeto de vida que Jesus nos apresentou e passámos a integrar a comunidade dos filhos de Deus. Resta-nos, agora, seguir os passos de Jesus e percorrer, dia a dia, esse caminho de amor e de serviço que Ele nos deixou em herança. É um compromisso sério e exigente, que necessita de ser continuamente renovado. O nosso compromisso com Jesus e com a sua proposta de vida exige que, como Ele, vivamos no amor, na partilha, no serviço, se necessário até ao dom total da vida; exige que lutemos, sem desanimar, contra tudo aquilo que rouba a vida do homem e o impede de chegar à vida plena; exige que sejamos, no meio do mundo, testemunhas de uma dinâmica nova – a dinâmica do amor. A nossa vida tem sido coerente com esse compromisso?

Caros irmãos,

O sacrifício de Cristo capacitou-nos para servir a Deus com uma consciência pura. Este sacrifício distingue-se dos do Antigo Testamento por sua validade universal: uma vez para sempre. Não precisa ser repetido. Também não existe consumação além daquela que Cristo operou. a ordem nova suplantou a antiga, mas já não haverá outra depois desta. Só resta seguirmos o Cristo até o fim.

É tempo de mudança e de conversão: cada qual escolha a sua sentença: a condenação eterna ou a vida em Deus. Assista-nos a Virgem da Esperança e Santo Antônio no nosso caminho de santificação, Amém!

Homilia dominical por: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

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