Homilia Dominical

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM – A

Todos, portanto, são convidados a perseverar na sinceridade do amor divino, com boas obras, vigiando esperando pelo noivo, Jesus Cristo
32 domingo do tempo comum as virgens prudente
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Irmãos e Irmãs,

Estamos na “reta final” do ano litúrgico. Este domingo e os dois domingos seguintes tem uma forte conotação escatológica: a vinda do Senhor Jesus com sua glória e seu poder.  Escatologia quer dizer o estudo das últimas coisas. Todos nós somos, portanto, convidados pela Mãe Igreja a refletir sobre a destinação final do homem e do mundo.  As leituras são todas retiradas da passagem de Mt – capítulos 24-25 – que anunciam o “Sermão Escatológico”, ou seja, o Sermão das Coisa Finais, o Sermão das Coisas da Comunhão dos Santos.

A Primeira Leitura, retirada do Livro da Sabedoria(cf. Sb 6,12-16) fala da procura da grande virtude de Deus: a prudência e a Sabedoria. Para encontrar a Sabedoria é necessário, precisamente, uma diligente aplicação, sempre lembrando que Deus está sentado à porta, sempre pronto para nos acolher. Acolher aos pecadores, acolher aos que se arrependem da vida do pecado, do erro e do vício e querem encontrar o Senhor do Céu. Vem à nossa reflexão aquela mensagem de Cristo, que é a Porta, e nos chama a entrar no Seu Aprisco.

A “sabedoria” brilha com brilho inalterável e atraente, que prende o olhar de quem a procura. Não é preciso correr atrás dela, com cuidado e fadiga, trilhando caminhos difíceis ou procurando em lugares recônditos e sombrios. Basta sentir interesse por ela, amá-la, desejá-la, que ela imediatamente se fará presente, oferecendo a vida e a felicidade a todos os que anseiam por ela.

Quem ama a “sabedoria” facilmente “tropeça” nela, nas circunstâncias mais comuns da vida do dia a dia: à porta da casa, nos caminhos e até na intimidade dos próprios pensamentos. Para que a “sabedoria” ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para a acolher.

A “sabedoria” é um dom de Deus para que o homem saiba conduzir a sua vida ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira felicidade. Deus não é um adversário do homem, com ciúmes do homem, preocupado em impedir a felicidade e a realização do homem; mas é um Deus cheio de amor, preocupado em proporcionar ao homem todas as possibilidades de ser feliz e de se realizar plenamente.

A primeira leitura nos convida a ver em Deus esse Pai cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, sempre disposto a oferecer-lhes os seus dons e a conduzi-los para a vida e para a salvação; e nos convida a uma atenção contínua, a fim de detectarmos e acolhermos esses dons que, a cada instante, Deus nos oferece.

O que é decisivo para que o homem tenha acesso pleno aos dons de Deus é a sua disponibilidade para acolher e para aceitar esses dons. Deus coloca os seus dons à disposição do homem, de forma gratuita e incondicional; ao homem é pedido apenas que não se feche no seu egoísmo e na sua autossuficiência, mas abra o seu coração à graça que Deus lhe oferece.

Meus queridos Irmãos,

Todos nós somos convidados neste domingo a refletir sobre a sabedoria da vigilância e a fecundidade da paciência, do tempo de Deus. A segunda vinda de Jesus, ou Parusia, é já relatada por Paulo na sua carta aos Tessalonicenses: “Vós sereis a minha esperança, a minha alegria e a minha coroa de glória perante o Senhor Jesus Cristo no dia de sua parusia”. (1 Ts 2,19).

Um convite muito interessante que a liturgia nos faz neste domingo é que todos somos convidados a não deixar apagar a lâmpada da fé que fumega na nossa caminhada(cf. Evangelho de Mt 25,1-13). O noivo, segundo o costume judeu, ia a casa da noiva busca-la, que no caminho da cerimônia, eram acompanhadas pelas damas de honra que com suas tochas iluminavam o caminho do altar.

Somente que com o atraso do noivo as tochas que iluminariam o seu caminho nupcial, as tochas de cinco das damas de honra, apagaram e elas foram impedidas de entrar na festa do casamento. O que faz Jesus com esta parábola? Jesus quer nos dizer que Ele é o próprio noivo e as damas de honras são os homens e mulheres. A vida humana é igual a tocha, um caminho cheio de muitas dificuldades, de incertezas, de desânimos, de empecilhos, de traições.

Todos os homens são convidados para entrar no Casamento do Cristo Senhor. A senha de entrada é a fidelidade na espera, na perseverança, na edificação do Reino que caminha neste mundo junto com a sociedade hedonista e materialista e nos chama a ser heróicos na vivência da santidade e das mais altas virtudes do ideário cristão que refletimos no domingo precedente de TODOS OS SANTOS, com as BEM AVENTURANÇAS.

O Reino de Deus nos interpela a ficarmos vigilantes desde a aurora, porque ninguém sabe o seu dia e nem a sua hora, por isso é necessário estar preparados, assumindo desde já esta aliança com Deus, com a Igreja e com os irmãos de caminhada eclesial.

Neste sentido a esperança é a grande virtude cristã. DE ESPERANÇA EM ESPERANÇA todos somos convidados a aprender com a parábola que ensina que o esposo JESUS não vai falhar no seu compromisso nupcial. É necessário paciência para alcançarmos os bens prometidos pelo Redentor do gênero humano. Paciência é perseverança, porque “Um dia diante do Senhor é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pd 2,8).  Com paciência e esperança todos somos convidados a aguardar a vinda do Salvador nos esforçando para que “o Senhor nos encontro imaculados e irrepreensíveis” (2Pd 2,13-14).

Na Casa do Pai há muitas moradas. Ninguém sabe nem o dia e nem a hora. É necessário saber esperar, caminhando com Cristo no dia a dia da vida comunitária e evangelizadora. A nossa atitude deve ser de vigilância e de engajamento pastoral.

Por isso todos nós devemos imitar a Jesus, sabendo perdoar, sabendo repartir, sabendo ouvir, sabendo amar, e mais do que tudo isso, sabendo ter caridade e desprendimento das coisas deste mundo, nunca se esquecendo que não levaremos nenhuma riqueza deste mundo, somente apresentaremos a Deus as nossas obras de caridade e de fé. Assim agindo ouviremos de Deus quando batermos em sua porta: “Vem, bendito de meu Pai” (Mt 25,34) ou do contrário: “Vai-te, maldito!” (Mt 25,25-30.41).

Deus respeita a nossa liberdade e o nosso livre arbítrio, mas nunca é tarde para que voltemos para participarmos como as damas de honras das núpcias do Cordeiro.

Caros irmãos,

“Estar preparado” não significa, contudo, ter a “alminha” limpa e sem mancha, para que, quando nos encontrarmos com o Senhor, Ele não tenha nenhuma falta não confessada a apontar-nos e nos leve para o céu. Mas significa, sobretudo, vivermos dia a dia, de forma comprometida e entusiasta, o nosso compromisso baptismal. “Estar preparado” passa por descobrirmos dia a dia os projetos de Deus para nós e para o mundo e procurar concretizá-los, com alegria e entusiasmo; “estar preparado” passa por fazermos da nossa vida, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na partilha, no amor, ao jeito de Jesus.

Embora o nosso texto se refira, primordialmente, ao nosso encontro final com Jesus, todos nós temos consciência de que esse momento não será o nosso único encontro com o Senhor… Jesus vem ao nosso encontro todos os dias e reclama o nosso empenho e o nosso compromisso na construção de um mundo novo – o mundo do Reino.

Ele faz ecoar o seu apelo na Palavra de Deus que nos questiona, na miséria de um pobre que nos interpela, no pedido de socorro de um homem escravizado, na solidão de um velho carente de amor e de afeto, no sofrimento de um doente terminal abandonado por todos, no grito aflito de quem sofre a injustiça e a violência, no olhar dolorido de um imigrante, no corpo esquelético de uma criança com fome, nas lágrimas do oprimido…

O Evangelho deste domingo avisa-nos que não podemos instalar-nos no nosso egoísmo e na nossa autossuficiência e recusar-nos a escutar os apelos do Senhor.

Irmãos e Irmãs,

A Segunda Leitura(cf. 1Ts 4,13-18) é uma resposta de São Paulo aos problemas vividos pela Paróquia de Tessalônica. Problemas estes todos relacionados com a Parusia.  Os tessalonicenses achavam que a vinda de Cristo era imediata e que a Parusia já começava a tardar. O Apostolo dos Gentios vem ensinar que a parusia não é assim. Na hora que a parusia ocorrer os que “dormiram nele”, ou seja, os que morreram com fé em Cristo Senhor, serão ressuscitados e precederão aqueles que ainda estiverem com vida.

São Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação (vers. 14). Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele. Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.
Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo? São Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas.

De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao gênero literário “apocalipse”, um gênero literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo (afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes).

O quadro que Paulo traça é o seguinte: aqueles crentes que, entretanto, morreram ressuscitarão primeiro (“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica); depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.

Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor. O que São Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.

A certeza da ressurreição nos garante que Deus tem um projeto de salvação e de vida para cada homem; e que esse projeto está a realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando nos encontrarmos definitivamente com Deus. A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direção a esse desabrochar pleno, a essa vida total em que se revelará o Homem Novo.

Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).

Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com gestos concretos, que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e das coisas.

Todos, portanto, são convidados a perseverar na sinceridade do amor divino, com boas obras, vigiando esperando pelo noivo, Jesus Cristo, nunca nos faltando a esperança da comunhão dos santos e santas do céu e da terra no Juízo Final aonde o que vale são as obras de caridade e não as riquezas efêmeras deste mundo. Ser cristão é chegar ao estágio do despojamento e se entregar no hoje de Deus: a sua misericórdia infinita.

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