O exercício da caridade

Enriqueça a sua fé - Artigos e Espiritualidade para formação católica

Não se pode imaginar um seguidor de Jesus que não se revista dos gestos de amor e de caridade.

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"O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas é-o também para a comunidade eclesial inteira (...) A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor" (Deus carista est)

O amor a Deus, na concepção cristã, jamais vem desvinculado do amor ao próximo. E o amor ao próximo não se traduz apenas num sentimento de querer bem as pessoas ou torcer pela felicidade de quem quer seja. O amor cristão tem nome e é manifestado em gestos e atitudes que promovam o bem e a felicidade do próximo. Não se pode imaginar um seguidor de Jesus que não se revista dos gestos de amor e de caridade, marcas da vida do Mestre no meio de nós. Ele amou os pobres e os pecadores, acolheu quem era marginalizado pela sociedade da época. Cristo fez-se amigo dos excluídos e cuidou da fome dos famintos. Ele teve compaixão dos sofredores e mostrou um amor singular aos doentes e enfermos. A caridade do Mestre Jesus era presente em cada uma de suas atitudes e ações de promoção da vida e da dignidade de pessoa humana.

A Igreja, ao longo dos tempos, é a continuadora da ação de Cristo na humanidade. Ela não faz caridade como gesto de benevolência, mas com atitude de conversão e acolhida pelos preferidos do Senhor. A missão dela é a mesma do bom samaritano do Evangelho. Cuidar das feridas, das dores e dos sofrimentos de todos os homens. Especialmente aqueles que foram saqueados e roubados de sua dignidade pela perversidade e pelo egoísmo dos homens. O exercício da caridade na Igreja é feito nos hospitais, nos asilos, nas creches, nos centros de atendimentos, nas pastorais sociais, nas iniciativas de caridade e de solidariedade local e internacional.

A ação caritativa da Igreja não pode ser feita apenas de modo institucional. É um dever de cada cristão promover a caridade no meio em que ele vive. Não se vive a fé só com orações, preces e boa vontade; precisamos "arregaçar as mangas" e fazer nossa parte. Onde existir um pobre, um doente, um marginalizado ou alguém sofrendo, ali deve estar presente o cristão, doando-se. Mais importante do que doar algo ou desprender-se de alguma coisa em favor dos necessitados, é "doar-se a si mesmo". É preciso ouvir, dar do nosso tempo e da nossa atenção para o outro. Depois, movidos pelo Espírito do Senhor, Ele mesmo nos inspirar palavras, gestos, atitudes e práticas para fazermos o melhor para a necessidade do outro.

Muitas vezes, passamos tempos demorados em nossas igrejas e nas celebrações, mas quase não dedicamos tempo algum para o exercício da caridade. Nossa fé não pode ser apenas de louvor e contemplação. O mesmo Cristo que adoramos nos sacrários de nossas igrejas precisa ser amado, venerado e contemplado no sofrimento e nas dores dos irmãos que sofrem ao nosso lado. A carne de Cristo na Eucaristia é a mesma carne sofrida e mal cheirosa nos irmãos e irmãs de nossas ruas e de nossa sociedade. O Cristo Jesus que nasceu em Belém está mais vivo nos sofredores da humanidade do que nas imagens dos presépios de nossas lojas, casas e igrejas. Que nossa caridade nos mova ao encontro de Cristo onde Ele precisa ser amado e cuidado.

Padre Roger Araújo
Sacedote da Comunidade Canção Nova