Ninguém pode dizer que os sacramentos são meras cerimônias exteriores, e afirmar testemunhando que a graça está na alma, sem o poder de infundi-la. Isso é um erro fundamental e grosseiro.
Para provar irrefutavelmente a necessidade dos sacramentos, é preciso recorrer à sublime doutrina da graça, ou da nossa vida sobrenatural. Os sacramentos são, de fato, os meios, os canais, para transmitir-nos a graça divina, os merecimentos de Jesus Cristo.
A graça, que a teologia define "um dom sobrenatural de Deus", por causa dos méritos de Jesus Cristo, como meio de salvação, é tudo na religião católica, é sua seiva, o seu sopro, a sua alavanca.
Querendo ou não, todos os homens devem viver da graça ou se perderão eternamente. Ou escolhem a vida de Cristo que é a graça, ou a vida da carne que é o vício; a salvação ou a perdição.
Santo Agostinho define a graça da seguinte forma: "A graça é como o prazer que nos atrai... Não há nada de duro na santa violência com que Deus nos atrai... tudo é suave e benfazejo" (Sermo 133, cap. XI). Esta palavra é admirável: a graça é um verdadeiro poder atrativo, que provém à vontade, a estimula e leva a Deus, a atrai por deleitação interior, e faz amar, como por instinto, Aquele que a nossa razão devia amar acima de tudo: Deus. Este termo "atrativo" parece novo em teologia, entretanto ele é a expressão da palavra de Nosso Senhor: "Ninguém pode vir a mim, se Aquele que me enviou não o atrair" (Jo 8, 22). E esta outra: "Uma vez levantado da terra, atrairei tudo a mim - omnia traham ad meipsum" (Jo 12, 32).
|