Ser missionário
 
Laudate Dominum
 
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Os Salmos, levados em consideração pelas reflexões anteriores, tinham como ponto de referência comum o termo “salvação” ou termos afins como justiça, verdade, luz, misericórdia, fidelidade, etc. Havia nisso uma dupla finalidade: antes de tudo, mostrar que a missão como tal afunda suas raízes na mais genuína oração da tradição bíblica, e, em 2.º lugar, lembrar que a oração constitui realmente uma fonte inesgotável que faz desabrochar sempre e de novo a paixão pela vida.

É uma dimensão indispensável, que nasce do “estupor” diante de um Deus que não suporta permanecer isolado em sua sublime solidão, mas que toma a iniciativa de revelar-se dentro dos acontecimentos da história humana, onde estabelece uma relação especial e gratuita com o povo de Israel.

Através da comunhão de vida, estabelecida pela Aliança, Javé, o Deus de Israel, manifestou ao longo da história sua constante solicitude, seu “prazer de perdoar” (Miq 7,18) e seu imenso carinho pela vida e pelo destino de todos: de Israel e das nações! O salmo mais curto do saltério (Sl 117), mesmo não falando expressamente de “salvação”, é o instrumento mais adequado que nos coloca em sintonia com esta magnífica “Melodia infinita”.

Com extrema e absoluta simplicidade (só 2 versículos), o salmista consegue envolver em seu canto a totalidade de seus destinatários: “Louvai a Javé todos os povos, aclamai-o todas as nações, pois forte para conosco é a sua bondade, a fidelidade de Javé é para sempre. Aleluia”. É muito fácil reconhecer os dois momentos que marcam o ritmo do salmo: o convite ao louvor (v. 1) e a sua motivação que termina com a exclamação litúrgica Aleluia (v. 2).

É bom lembrar logo que “bondade/fidelidade = hesed/’emet, são termos ligados ao contexto da Aliança. Claríssimo é o contraste entre a dimensão universal do convite ao louvor (povos/nações) e a dimensão particular da motivação (para conosco= povo de Israel). Evidentemente a posição central é ocupada por Javé: o Deus que se manifestou na história do seu povo é, ao mesmo tempo, o Deus de todas as nações. Ele é o ponto de convergência onde Israel e as nações superam suas próprias tensões”.

Para o povo de Israel, representado pelo salmista, o motivo do louvor é e sempre será “a bondade e a fidelidade” que Javé manifestou ao longo da história. Nesse sentido, vem à tona a sua identidade e a sua missão, que consiste em ser testemunha diante das nações. Tudo isso, porém, faz com que Israel reconheça a sua incapacidade de, sozinho, agradecer por tantos e tamanhos benefícios, e ao mesmo tempo descubra que a solicitude divina não pode ser considerada como um direito exclusivo seu.

Javé revelou-se a Israel “a fim de que todos os povos da terra reconheçam o seu Nome” (1Rs 8,43). Cabe a seu povo desempenhar a missão de fazer conhecer a “salvação de Javé até as extremidades da terra” (Is 49,6). Isso mostra por que a motivação ao louvor tem, como ponto de partida, a experiência do salmista e do seu povo e tem uma repercussão universal.

Por outro lado, povos e nações, através do testemunho de Israel, são convidados a unir a sua voz a este grande e imenso louvor, pois dessa forma podem constatar diretamente que a “a fidelidade de Javé é para sempre”. Isso, porém, implica a necessidade de aceitar e reconhecer sua soberania e presença no mundo. Finalmente, se todos quiserem participar dessa sinfonia universal e descobrirem em sua vida o segredo da oração que une a humanidade, não podem permitir que, em seus lábios, se apaguem as palavras desse importante e decisivo convite: “Louvai a Javé todos...” porque Javé está presente com sua “bondade e fidelidade” para além de toda possível opacidade e escuridão dos nossos dias.

Autor: Sérgio Bradanini
www.pime.org.br



 
 
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