Ser missionário
 
Uma promessa de paz
 
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Há textos que, apesar do tempo que passa, permanecem sempre atuais. Um desses textos é Is 2,2-5, que apresenta uma interessante mensagem universal. Trata-se de uma mensagem cuja atualidade pode ser percebida profundamente a partir do fato de que a nossa época, mais do que nunca, manifesta uma aspiração quase radical para alcançar uma paz estável e duradoura. Claramente esta aspiração não se refere unicamente a uma plenitude de paz no coração das pessoas, mas expressa também o desejo de que essa paz alcance a totalidade do mundo contemporâneo.

A mensagem do profeta Isaías apresenta três motivos entrelaçados:

a peregrinação das nações ao monte do Senhor; a atividade da Torá e da Palavra do Senhor; e, enfim, a paz entre as nações. No centro, está a atividade da Palavra que sai de Sião “julga as nações e corrige muitos povos” (Is 2,3-4) para levá-los logicamente ao compromisso concreto de buscar a paz.

O texto inicia solenemente, apresentando o “monte do Senhor”, o mais alto de todos, como centro de afluência e meta da peregrinação de todas as nações (2,2).

O “monte Sião”, para onde acorrem os israelitas e as nações estrangeiras, é o centro onde habita e de onde sai a Palavra de Deus.

Esta peregrinação possui um evidente caráter universal: não se trata de uma ação cultual própria do povo de Israel, mas todos, israelitas e nações para lá acorrem com o mesmo e único objetivo: “para que Ele (o Senhor) nos instrua a respeito de seus caminhos, e assim andemos nas suas veredas” (2,3).

“Torá e Palavra” para o profeta designam a vontade divina de manifestar e de levar adiante, definitivamente, a sua salvação. Elas representam a própria sabedoria divina em relação aos graves problemas da sociedade israelita e das nações. O efeito da presença de Deus no âmbito concreto da vida de todos, é a paz entre as nações.

Tudo isso, porém, é fruto de uma exigência profunda que requer um compromisso concreto. De fato, não se trata só de desistir do uso da força ou de quebrar as armas, mas se trata de converter e de transformar de fato os instrumentos de guerra em instrumentos de trabalho. O esforço e a luta permanecem como elementos necessários da vida humana, mas assumem um significado bem diferente. Tudo deve ser utilizado para aprender e desenvolver a “arte da paz”, em contraposição à aprendizagem de “fazer guerra” (2,4). Nesse sentido, torna-se muito significativa a exortação final do texto: “Ó casa de Jacó, vinde, andemos na luz do Senhor” (2,5). É um compromisso inadiável para quem subiu ao monte de Javé para aprender dele a ‘instrução’ e a ‘andar em suas veredas’. O convite a buscar a paz refere-se à história atual e não a um futuro indeterminado e longínquo! “Andemos (agora!) na luz do Senhor”. O profeta deixa bem claro que a paz é um bem que engloba em si muitos outros bens. Ela não pode acontecer e realizar-se sem levar em conta todos os âmbitos da vida, exigindo a colaboração e participação de todos. Ao mesmo tempo, o profeta indica claramente que a finalidade última da Torá e da Palavra do Senhor consiste em indicar a percorrer aquele caminho que a ela conduz.

Desde sempre, as possibilidades da violência e do uso da força foram e continuam sendo infinitas: este é um motivo suficiente para levar a sério o compromisso pela paz! A mensagem de Isaías é um convite para renovar o universo, Israel e as nações, mediante o esforço concreto de trabalhar de verdade em busca da paz. Não faz parte da nossa missão promover uma efetiva ‘educação’ pela paz mundial? Um aspecto da nossa missão atual consiste em mostrar realmente que todo esforço em busca da paz deve unificar povos e nações, sem esquecer, porém, que sua plena realização está em Cristo, pois “Ele é a nossa paz” (Ef 2,14).

Autor: Sergio Bradanini
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