Ser missionário
 
"Vivei em paz uns com os outros"
 
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Na parte final da carta (1Ts 5,12-22), é possível notar um elemento importante na vida das primeiras comunidades cristãs. O apóstolo Paulo deixa transparecer claramente que ele, mesmo sendo o fundador da comunidade, não reivindica para si a total e exclusiva responsabilidade, nem pelo envio de seus imediatos colaboradores nem mediante as exortações enviadas por carta.

Aliás, o texto de 1Ts 5,12-13, mostra que existe um grupo de pessoas que desempenha determinadas funções para a vida da comunidade cristã. Não sabemos de que se trata, mas o que fica evidente é a concórdia e a vida fraterna que deve reinar entre a comunidade e seus líderes.

"A fadiga, o esforço e a dedicação" dos líderes, no desempenho de suas funções, devem ser reconhecidos como um benefício para todos. Em toda comunidade, podem surgir atritos, desentendimentos e incompreensões. Por este motivo, Paulo convida a comunidade a reconhecer e a levar a sério o serviço de seus líderes, num clima de aceitação recíproca e de respeito mútuo (agápe). Fica bem claro também o fato de que o exercício dessa liderança não é nada fácil.

O que Paulo exige não se refere a eventuais qualidades pessoais dos líderes, mas encontra seu motivo na "obra/trabalho deles" (5,13), pois se trata de um serviço essencial e indispensável para a comunidade. A exortação do apóstolo "vivei em paz uns com os outros" apresenta a harmonia e a paz como valor necessário para todos. É, portanto, nesse clima de paz, que os líderes cristãos devem dedicar seu tempo e suas energias à comunidade e, por sua vez, a comunidade deve reconhecer com amor (agápe) o desempenho das funções de seus líderes. Como realizar efetivamente esta harmonia comunitária tão necessária e indispensável?

Paulo sugere dois momentos importantes: o primeiro refere-se, em geral, à vida de todos os dias (5,14-15) e o segundo, à oração e à vida cultual da comunidade (5,16-22). Dentro de toda comunidade, existem diferenças sensíveis também quanto ao jeito de viver a própria fé. Na comunidade de Tessalônica, há três categorias de pessoas que causam problemas. Antes de tudo, existem pessoas "indisciplinadas" que são desordenadas e confusas, isto é, não vivem em sintonia com a comunidade.

Elas necessitam de ajuda, de estímulos e de admoestações para se integrarem aos outros. Em segundo lugar, há pessoas que se assustam com as dificuldades da vida cristã, são os "pusilânimes", literalmente: "os de alma pequena". Todos devem perceber a necessidade de animar concretamente essas pessoas. Enfim, existem os "fracos" que não conseguem traduzir em sua vida concreta as exigências de sua fé. Entretanto, para além dessas categorias de pessoas que necessitam de uma atenção especial, Paulo dilata o horizonte, convidando a todos a terem uma atitude de "longanimidade" para com todos (5,14).

Não se trata de paciência, no sentido de suportar ou tolerar eventuais deficiências dos outros, mas daquela "generosidade" necessária a todos, que tem seu fundamento no próprio Deus. De fato, Ele se manifesta profundamente generoso ao conceder a todos o tempo necessário para o arrependimento e a conversão. Nesse sentido, é significativa a expressão da 2Pd 3,15: "Considerai a longanimidade de nosso Senhor pela salvação, conforme também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi concedida".

As orientações a respeito da vida cultual confirmam e ampliam as perspectivas, mostrando a necessidade permanente de buscar o bem para todos. Dessa forma, a tarefa missionária chega à sua plena realização, pois suscita uma comunidade cristã capaz de viver em paz com todos, deixando-se conduzir pela força e pelo dinamismo do Espírito.

Autor: Sergio Bradanini
www.pime.org.br



 
 
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