Ser missionário
 
A missão proclamar a Paz do Reino!
 
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A comunhão de vida com o Pai, mediante a oração, ilumina e pressupõe a atividade dos discípulos. De fato Mt 10,1-16 deixa bem claro que os Doze não devem só rezar, mas devem também agir. De que jeito? O evangelista mostra que os Doze devem agir do mesmo jeito do Mestre: proclamar a presença do Reino (10,7) mediante atos concretos de libertação do mal (10,8).

Podemos então notar uma 1a etapa (10,1-4) em que Mt evidencia a iniciativa de Jesus em chamar os Doze; qual é a atividade exigida (lutar contra o mal e promover a vida) e quem são os 'operários' escolhidos (os nomes dos Doze). A 2a etapa (10,5-16) apresenta Jesus que 'envia' os Doze, dando-lhes ao mesmo tempo as instruções necessárias frente a situações de hostilidade ('ovelhas entre lo-bos':v.16). Há 3 elementos que chamam a atenção.

1. Antes de tudo o missionário deve dirigir-se a quem está perto (notemos em 10,5 uma restrição de horizonte: os mais distantes (os Gentios) os vizinhos (Samaritanos) e os próximos (ovelhas perdidas da casa de Israel). Não adianta sonhar de pregar o Evangelho aos mais distantes se não vemos a necessidade das 'ovelhas perdidas' que estão perto! Será preciso lembrar que toda missão começa em casa? Em seguida o Anúncio do Reino poderá seguir o caminho de horizontes mais amplos (At 1,8). Assim como Jesus limitou sua atividade a Israel (15,24), também os Doze devem por enquanto exercer sua atividade dentro dos limites do povo de Israel(10,6). Segundo Mt, os limites serão rompidos pelo acontecimento da Ressurreição; lá então a missão dos Doze superará os limites geográficos para se tornar universal (Mt 28,19-20). O que interessa realmente não é chegar a todos os lugares, mas é ser sinal do amor e da presença do Reino em qualquer lugar... mas a partir da própria casa!

2. Uma outra dimensão que qualifica a missão é a gratuidade (10,8-10) Todo discípulo deve levar adiante a atividade de Jesus (cfr.Mt.8-9) proclamando e agindo sem interesse. A missão é, e será sempre um dom! Pois é somente a partir da lógica da gratuidade que o mal pode ser vencido. Esta exigência comporta a promoção e a defesa da vida em nível pessoal (por fora: curar os doentes; por dentro :ressuscitar os mortos) e em nível comunitário (por fora: purificar os leprosos; por dentro: expulsar os demônios). A gratuidade deve ser a única motivação do missionário, pois essa é a garantia de que ele está em sintonia com o Mestre. Então podemos entender por que o 'estilo de vida' apostólico é marcado pela pobreza. Ser 'operário' na colheita do Senhor (9,38) é desde sempre a maior riqueza dos Apóstolos.

3. Pregação e atividade missionária se expressam na oferta da Paz do Reino. Trata-se de uma realidade que através das relações humanas quer comunicar a 'plenitude dos bens messiânicos' a todos. No entanto, segundo a lógica da gratuidade, a Paz do Reino não pode ser imposta, é um dom que deve sempre respeitar a liberdade dos destinatários. Aqui encontramos uma outra qualidade do trabalho missionário que é irmã gêmea da pobreza: trata-se da "fraqueza"! Não é suficiente realizar a missão sem interesse algum, mas é preciso realizá-la, totalmente desarmados (ovelhas entre lobos). Para que isso aconteça, Jesus oferece dois critérios: a simplicidade das pombas, símbolo de fidelidade, sinceridade e transparência, faz com que a Mensagem não seja reduzida a um produto do mercado; a prudência das serpentes, símbolo da habilidade de avaliar a situação de perigo, indica que a eficácia da Mensagem não pode ser negociada, nem buscando garantias de êxito, nem por diplomacias...

Autor: Sergio Bradanini
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