Com a palavra...
 
Onde mora Deus?
 
 
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Onde mora Deus? Essa é uma das primeiras perguntas que as crianças fazem. É também uma dúvida que atormenta a cabeça de muitos adultos.

Deus tem muitas moradas. Ele mora debaixo do viaduto em que vive um "sem casa"; mora nas famílias da Síria que foram obrigadas a deixar o lar, a cidade e o país, sem saber em que direção caminhar; mora na África, numa daquelas regiões em que as brigas tribais se perpetuam. Deus mora na casa que você habita, e nela ele tem diversos nomes: mãe, pai, Luiz, Cristina, "vô"; mora na escola e senta-se ao seu lado; ele viaja no seu ônibus, e está naquele jovem que lhe pergunta: "Onde é a Avenida Cardeal Da Silva?" Mora na mensagem eletrônica que você recebeu, com o pedido de uma palavra de apoio; na casa do vizinho que perdeu um filho querido; no drogado que passa perto de você com um olhar vazio. Deus mora na pessoa depressiva que você quase não consegue atingir com sua palavra; na criança órfã que ninguém quer adotar, porque tem um defeito físico. Deus mora no doente esquecido no fundo de uma cama; reside na comunidade paroquial, onde as necessidades se multiplicam e os braços de voluntários são insuficientes; ele também vive na China, onde poucos conhecem o nome de Seu Filho.

Deus mora também, é preciso dizer, na criança que lhe sorri; na jovem que canta, cheia de alegria, e lhe pergunta: "Tudo bem?"; no pai que, ao terminar o dia de trabalho, caminha na doce expectativa de chegar logo a casa; no estudante que lhe pede: "Como se escreve a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo vir?"; mora também na comunidade de uma pequena ilha do Pacífico, que se reúne aos domingos para participar da santa Missa.

Deus mora nos arredores de Moscou e onde há alguém que espera ser amado e confortado. Mora em seu coração e na capela que você viu na semana passada, numa rua da periferia; mora em sua Palavra e nas estrelas do céu; nos sacramentos e no rosto do desconhecido que caminha a seu lado.

"Onde mora Deus?" Esta pergunta voltava constantemente ao coração de um homem que não se cansava de lhe dizer: "Senhor, desejo te ver! Mostra-me a tua face! Deixa-me conhecer a tua casa!" Diante de súplica tão insistente, Deus decidiu atendê-lo, e lhe prometeu: "Na próxima segunda-feira, na praia que fica perto da tua casa, tu me verás!"

No dia marcado, o homem se pôs a caminho. Sua alegria era imensa. Iria, finalmente, realizar seu antigo desejo! Dados os primeiros passos, encontrou-se com uma vizinha que o saudou, desejando lhe falar da filha que retornara à casa. Pensando na experiência que teria dentro de poucas horas, o homem seguiu adiante. Mais adiante, viu um desconhecido ao lado de um carro. O pneu precisava ser trocado, mas como? Faltava-lhe o "macaco"! O pedido de ajuda recebeu uma resposta seca: "Hoje não dá! Tenho um compromisso muito importante!" Andou mais uns quinhentos metros e se viu diante de um novo problema ("Por que tudo acontece justamente hoje?"): uma criança caíra da bicicleta e chorava. "Não deve ser grande coisa!", desculpou-se, e foi adiante.

Já perto da praia, pensou: "Se não tivesse me cuidado, nem à noite chegaria aqui!" Começou a esperar. O tempo passou, e nada. Será que não se enganara? Vai ver que não entendera onde seria o local do encontro. Ao fim do dia, concluiu: "Acho que sonhei. Não haverá encontro algum". E voltou para casa, desanimado e triste.

À noite, na oração, falou ao Senhor: "Sabe, pensei que seria verdade que haveria de te encontrar lá na praia. Vi que me enganei". Sentiu, então, no coração, a resposta do Senhor: "Não te enganaste, não! Eu fui ao teu encontro. Tu é que não me viste. Lembras-te da vizinha que queria conversar consigo? Do dono do carro que precisava de ajuda? Da criança caída? Eu estava neles, à tua espera. Mas estavas tão preocupado contigo mesmo, tão fechado em teus próprios interesses, que não foste capaz de perceber a minha presença, nem de ver o meu rosto nos vários momentos que eu havia escolhido para me manifestar a ti..."

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de Salvador

 
 
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