Com a palavra...
 
Inconsciência e sinais de Deus em nossa vida
 
 
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Os caminhos da nossa vida são constantemente orientados por sinais: são os sinais de trânsito que nos advertem das dificuldades da estrada, os sinais em lugares que se podem desmoronar, os sinais em caminhos que não oferecem saída... Quando desobedecemos a esses sinais corremos o risco de não termos saída ou pagarmos com a vida a nossa imprudência. Se estivéssemos atentos a esses sinais estaríamos muito mais protegidos.

Existe também muita semelhança entre estes sinais humanos e os sinais de Deus como indicação segura para a nossa vida.

Deus criou-nos para que fôssemos livres e em responsabilidade pelos nossos próprios atos, a fim de que livremente construíssemos a nossa felicidade. Fomos colocados perante o fogo e a água, segundo a primeira Leitura de hoje (Eclesiástico, 15, 16-21), tendo-nos sido concedida a independência de escolher o caminho que optarmos. A vida e a morte estão diante de todos, e a cada um será oferecido àquilo que escolher. O caminho da vida está marcado pelos mandamentos, o caminho da morte está indicado pelos vícios, paixões, desrespeito aos sinais do Pai, enfim, pela nossa própria inconsciência em corresponder à sabedoria do amor divino.

Essa «sabedoria de Deus», de que nos fala a segunda Leitura (1 Coríntios, 2,6-10), não vem do conhecimento dado pelo mundo, mas brota do próprio Espírito Santo que a ensina àqueles que se deixam conduzir por Ele.

A sabedoria humana é incapaz de responder às interrogações sobre o sentido da nossa existência: o porquê da vida; o porquê da morte.

O Espírito Santo dá-nos a conhecer o projeto amoroso de Deus, pensado desde o princípio do mundo para nos levar à Sua glória.

De posse desta verdadeira «sabedoria», do conhecimento deste «mistério», sabemos o que Deus está realizando, por nós e para nós ultrapassa tudo aquilo que possamos imaginar, todos os nossos desejos e esperanças, todas as nossas interrogações e expectativas.

Tal «sabedoria» aconselha-nos, também, a abrirmos o nosso coração e a nossa razão à atividade do Pai que, «de muitas maneiras», nos foi revelando tais planos, para se manifestarem plenamente na pessoa de Jesus e na sua mensagem, como indicação do caminho certo.

O pleno cumprimento de tudo quanto estava escrito é-nos revelado por Jesus no Evangelho. Ele veio para aperfeiçoar a Lei, libertando-a dos abusos, das falsas interpretações e do legalismo, transformando-os numa relação de amor.

Jesus apresenta quatro exemplos do envolvimento da Lei de Deus na nossa vida. Ao falar da Lei, no Evangelho de hoje (Mateus 7,17-37), Jesus o faz com a autoridade divina que Lhe é própria: «foi dito aos antigos…», «Eu digo-vos…». Abre, assim, novos caminhos de perfeição e exigência espiritual.

«Não matar» não se reduz apenas ao tirar a vida física das pessoas, mas implica as situações de todos quando matamos os outros dentro do nosso próprio coração: aqueles a quem não dirigimos a palavra, os que difamamos, caluniamos ou tiramos o bom nome e reputação, quando proferimos palavras ofensivas, nos irritamos ou deixamos dominar pelo ódio… Recomenda que não é o corpo que precisa de estar limpo, mas o próprio coração para poder amar; e a reconciliação conseguida com o irmão, que substitui todas as purificações exteriores.

Quanto ao adultério, Jesus insiste na interioridade e fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. As pessoas que se deixam levar pelos instintos podem provocar graves problemas a si próprias, às suas famílias e aos outros, pelo que é preciso ter coragem para saber cortar pela raiz determinadas situações que possam vir a causar posteriores contratempos.

Jesus confirma que o matrimônio é indissolúvel. Não nos dá, todavia, o direito de condenar, humilhar ou isolar aqueles que, por qualquer motivo, falharam na sua vida conjugal. Quantos dramas, quantas dificuldades, quantos sofrimentos envolveram as separações matrimoniais. Temos, isso sim, que manifestar a ternura, o acolhimento e a compreensão que o próprio Jesus exprimiu em tais situações.

Por fim, Jesus diz-nos o que se deve entender quanto ao «juramento e a verdade». A necessidade de juramento é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Deus Pai apenas exige um relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis. Os discípulos de Jesus não pedem ao Mestre que justifique as suas exigências. Acreditam no amor do Pai e estão certos que este é o verdadeiro caminho da vida.

Saibamos nós percorrer este caminho sendo fiéis ao projeto de Deus, nosso Pai.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)

 
 
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