De Naum sabemos apenas que nasceu em Elcós (1,1), um lugar que não aparece citado em qualquer outro texto do AT. Alguns situam a localidade na Galileia; outros, em Judá. Partindo de 2,1, parece que a sua pregação se exerceu em Judá e, mais provavelmente, em Jerusalém. Logo, Elcós deveria situar-se em território de Judá.
ÉPOCA O livro de NAUM centra-se num fato histórico bem preciso: a queda de Nínive, capital do império assírio, em 612 a.C.. A questão é saber se Naum escreveu antes deste acontecimento ou se celebrou o acontecimento, em forma de liturgia, depois de ele ter ocorrido.
Tudo parece indicar que o livro de NAUM tenha sido escrito antes da destruição de Nínive. No texto faz-se referência ao que aconteceu a Tebas (Nó-Amon), no Egito, apontando-o como exemplo do que sucederá a Nínive (3,8). Ora Tebas foi destruída em 668 ou 663 a.C. (provavelmente, até terá sido destruída duas vezes) e reconstruída por volta de 654 a.C.. No contexto da mensagem de NAUM não faria muito sentido falar da destruição de Tebas depois de ela já estar reconstruída.
Além disso, o texto também faz referência ao jugo assírio que pesa sobre Judá; e a opressão assíria fez-se sentir em meados do séc. VII a.C., durante o reinado de Manassés (698-643). Sendo assim, o livro terá sido escrito no período entre a destruição de Tebas e a sua reconstrução (668 e 654 a.C.).
DIVISÃO E CONTEÚDO O título do livro orienta o leitor para Nínive (1,1). Segue-se um salmo (1,2-8) que canta o poder de Deus na Natureza e na História, protegendo os que confiam nele e castigando os inimigos.
I. Em 1,9-2,3 há pequenos oráculos dirigidos alternadamente a Judá (1,9-10.12-13; 2,1.3) e a Nínive (1,11.14; 2,2): para Judá fala-se de consolação e alegria; a Nínive e ao seu rei anuncia-se o castigo.
II. 2,4-3,19 é dedicado à destruição de Nínive. Em 3,8-11 o profeta inclui o exemplo de Tebas, como dissemos, para mostrar que todas as defesas da cidade de Nínive são inúteis. O livro termina num cântico fúnebre, apresentando o desastre como consumado (3,18-19).
TEOLOGIA Como profeta, NAUM resulta estranho: não tem em conta os pecados do seu povo, é nacionalista e deleita-se, com uma alegria quase cruel, a anunciar a destruição da cidade de Nínive. Neste ponto, a sua mensagem é o contrário da de Jonas.
Mas seria injusto considerar NAUM um vingativo. O problema que ele aborda é o da justiça de Deus na História, uma questão que preocupava os judeus e os homens de todos os tempos: que acontece quando o opressor não se converte? Poderá Deus tolerar o poder de um império que mata sem compaixão, que semeia violências e sangue por todo o lado? NAUM dá a resposta: Não! A fidelidade de Deus e a sua justiça não o podem permitir. Por isso, Nínive deve ser destruída, tem que se travar a difusão dos seus erros e pôr fim à arrogância que se repete na História.
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