De Joel, filho de Petuel, nada se sabe para além do que pode deduzir-se da sua obra. O profeta exerceu o seu ministério em Jerusalém e foi um homem profundamente conhecedor do mundo rural, embora se suponha que não fosse de origem camponesa. De fato, a sua qualidade poética, o conhecimento profundo dos profetas anteriores e a maneira como trata a própria língua, situam-no num ambiente cultural muito mais elaborado.
DATA E CONTEÚDO São vários os problemas que este livro nos coloca, desde a interpretação até à sua unidade, data e estrutura.
Modernamente os especialistas entendem que, a partir das referências do livro à situação interna de Jerusalém e à situação internacional, e tendo em conta o estilo literário do profeta e a própria língua, é possível estabelecer uma data. As investigações modernas apontam para uma data imediatamente a seguir ao exílio da Babilônia (séc. V-IV a.C.), altura em que não havia rei e a Judeia era uma província do Império Persa.
Coerente, no seu conjunto, apesar de algumas pequenas interpolações (como, por exemplo, 4,4-8), o livro parece dividir-se em duas grandes partes:
I. 1,2-2,27: um desastre agrícola, constituído por uma praga de gafanhotos (1,2-12) e uma grande seca (1,13-20), fazem o profeta pensar em calamidades maiores. Em 2,1-11, a sua imaginação transforma os gafanhotos num exército que vem destruir a cidade. Esta catástrofe nacional é um convite à conversão (2,12-17), que proporciona a resposta de Deus (2,18-27).
II. 3,1-4,21: os acontecimentos anteriormente descritos são elevados à categoria religiosa de "Dia do SENHOR". JOEL, para além da efusão do espírito, joga com três temas: os sinais no céu e na terra (3,3-4; 4,15-16); a salvação de Judá (3,5; 4,16b) manifestada no plano político (4,17) e económico (4,18), a condenação das nações estrangeiras (4,1-14).
TEOLOGIA JOEL apresenta-se como um profeta da esperança. Passaram os tempos difíceis do exílio na Babilônia. As grandes catástrofes que atingiram o povo já pertencem ao passado. O profeta espera a mudança definitiva anunciada por Jeremias e Ezequiel. Mas, passaram tantos anos e ainda não aconteceu a efusão do espírito de Deus anunciada por eles. O tempo da liberdade ainda não chegou. Os inimigos do povo não foram ainda castigados! Que dizer das promessas e da palavra do Senhor?
Precisamente a partir de uma calamidade histórica e prevendo desastre ainda maior, Joel reabre os seus ouvintes à esperança. As promessas não caíram no vazio; ele crê no seu cumprimento, e anuncia-o. Para isso, convida o povo a preparar-se pela penitência e pela oração. O Senhor derramará o seu espírito sobre toda a humanidade. As esperanças alimentadas durante os séculos anteriores, desde Moisés até aos profetas que se lhe seguiram, vão cumprir-se, muito para além do que se poderia imaginar, no dia do Pentecostes (At 2).
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