A história do êxodo como critério de discernimento |
Enviado por: Eldécio Luiz da Silva
Cursando Teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário
Diocese de Caratinga do regional Leste II Paróquia Divino - MG. |
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Moisés foi educado na corte do faraó (Ex 2,5-10).
Era costume naquele tempo formar rapazes dos países ocupados, nas escolas do Egito, a fim de que mais tarde servissem aos interesses do Egito. Moisés, porem, não conseguiu a carreira, porque o sangue foi mais forte que a carreira. Revoluto-se contra a situação aviltante em que se encontrava o seu povo, e matou um soldado (Ex 2,11-12).
O faraó, provavelmente, se relaciona com uma tentativa fracassada para conquistar a liberdade. Teve que fugir
(Ex 2,14-22).
No exílio, Deus o atinge de novo e o manda voltar para libertar o seu povo (Ex 2, 23-4,18). Após muita resistência, Moisés obedeceu e assumiu a missão.
A liberdade pela qual ele vai lutar agora já não se define pelo seu aspecto puramente negativo – ficar livre da opressão política do faraó – mas recebe um conteúdo positivo. Que só luta para ficar livre de alguma coisa, só sabe o que não quer e caminha de costas para o futuro; não tem critério para orientar a sua ação para frente. A liberdade que agora aparece no horizonte de Moisés faz parte de um projeto que Deus temem vista: Deus quer libertar o povo do Egito para fazer dele o “seu povo” e para poder ser o “Deus do povo” (Ex 6,6-8).
O povo deve ser livre para poder constituir-se povo de Deus; sabe o que não quer porque o que quer na vida; tem critério para orientar a sua ação para frente. Este objetivo é que vai orientar a atuação de Moisés e do povo, através de toda a sua história, e vai dar conteúdo e sentido a liberdade que almejam. Aquilo que não contribui para esse fim, não contribui para a liberdade. Percebe-se, assim, que a entrada de Deus na vida dos homens é uma luz que orienta e corrige aomesmo tempo.A primeira correção ou conversão se deu na cabeça de Moisés: de matador torna-se conscientizador.
Nem tudo que se faz em nome da liberdade conduz àquela liberdade que Deus quer para o seu povo. Por outro lado, nem sempre o esforço de libertação se faz de maneira pacífica, sem violência. Com efeito, a primeira reação, provocada pela atuação de Moisés, foi um endurecimento da opressão por parte do faraó (Ex 5, 1-18) e uma revolta do povo hebreu contra Moisés, o libertador, por ele ter despertado o ódio do faraó por ter colocado a espada na mão dos egípcios, para matar os hebreus (Ex 5, 19-21).
Em vez de liberdade, veio uma pressão maior. Moisés se queixa (Ex 5, 22-6,1). O faraó se fecha mais ainda e resiste ao apelo que lhe foi feito (Ex 7, 13. 22; 8,15-19; 9,7. 12.35; 10,20. 27).
Moisés tinha de vencer o medo e a apatia do povo. Teria de convencer o povo de que o endurecimento do faraó já era Deus agindo, preparando a libertação (Ex 7,3-5; 9,35; 10,20. 27).
A atuação de Moisés consistia fundamentalmente em fazer com que o povo tomasse consciência da sua opressão e se decidisse a assumir o esforço de libertação como tarefa imposta por Deus. Interpretava os acontecimentos como sinais e apelos de Deus em favor do seu povo. Fazia os fatos falar. No fim, o faraó cedeu, o povo partiu (Ex 12,37).
Começou a marcha para a liberdade, como sendo a marcha que Deus queria do povo. Mas é sempre uma marcha crítica e ambígua. No limiar da liberdade, tudo parecia fracassar. Encurralado entre o mar e o exército egípcio, o povo desanimou e revoltou-se contra Moisés (Ex 14,11-12).
Moisés fez um apelo à fé, o povo continuou, a liberdade nasceu (Ex 14, 30).
Revela-se nisso a fé do líder na causa que defende e promove. Ele a considera vitoriosa. Não foi Moisés que provocou a violência. Foi o faraó que não queria deixar partir o povo para a liberdade. Era mais cômodo para ele ter um povo de escravos a seu serviço.
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