O êxodo: início de uma longa história de libertação. |
Enviado por: Eldécio Luiz da Silva
Cursando Teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário
Diocese de Caratinga do regional Leste II Paróquia Divino - MG. |
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Há dois movimentos que correm paralelos na história do povo eleito. De um lado, existe a consciência progressiva da opressão, de outro – paralelo ao progresso da consciência de opressão – surge a libertação progressiva: uma vez conscientizado a respeito de sua situação, o povo desperta e empreende a ação libertadora como tarefa sua inalienável.
A tomada de consciência começou onde a opressão era mais sentida: a opressão político-cultural. Mas, depois do êxodo, a ação conscientizadora de Deus, através de líderes por Ele escolhidos, continuou até atingir a raiz de toda opressão que é o egoísmo que leva a criar estruturas de opressão em todos os níveis da vida.
E povo que estava preso 430 anos no Egito, experimenta a ação de Deus – a liberdade – no contato com Ele. Deus responde às preces do povo chamando e enviando Moisés para realizar a libertação.
Apesar dos prodígios feitos por Deus em favor do povo, nota-se as artimanhas de Moisés para conseguir seu objetivo. Mas o mais importante é que a leitura deste texto quer provocar nos leitores o suscitar de uma fé viva, onde nós em nossa caminhada com os irmãos contemplaremos as maravilhas de Deus realizada no seu povo.
Com essa visão da vida, adquirimos óculos novos para observar e perceber o verdadeiro alcance dos fatos que hoje acontecem. É no esforço vivido e calculado de libertação que Deus se deixou encontrar e se deixa encontrar ainda pelos homens, para poder levá-los para Cristo. Hoje, esse esforço tem os mais variados aspectos: vencer as limitações pessoais pelo estudo; vencer o vício que deprime; fazer a psicanálise que liberta de complexos e condicionamentos; o médico que liberta os outros da opressão dos males do corpo; contribuir para eliminar o analfabetismo; ensinar como praticar a higiene e plantar a horta; povos que se esforçam para ser livres do colonialismo e do imperialismo; tentar vencer as distâncias que são uma forma de opressão; operários que se unem em defesa dos seus direitos que não são respeitados; os povos que juntos elaboram a declaração dos direitos da pessoa humana; vencer, sobretudo todas as formas de egoísmo; denunciar as injustiças e torturas que se praticam contra as pessoas humanas; promover o desenvolvimento do povo. Milhares são as formas desse esforço gigantesco de libertação.
Através de tudo isso, a humanidade faz o seu penoso caminho, o seu penoso êxodo, até conquistar a sua plena liberdade. Cada um tem o seu êxodo: o simples crescimento humano de criança para adulto como forma de vencer as limitações e de afirmar na vida; cada grupo, cada povo, tem o seu êxodo. A humanidade toda está envolvida no êxodo, ou, como diz o Concílio, está radicalmente comprometida com o “Mistério Pascal de Cristo”. Em tudo isso, existe a brecha por onde Deus entra, se faz presente e atua em favor dos homens, e onde pode ser encontrado. Quem olha de fora, nada vê nem percebe, mas a visão de fé pode levar a descobrir aí, pela experiência vivida e sofrida, essa dimensão mais profunda de Deus.
Deve-se concluir, então, que todas as ações, feitas em nome da liberdade, tenham a assinatura de Deus? Essa conclusão vai além das premissas. Há movimentos, ditos de libertação, que, em vez de levar à liberdade, levam a uma opressão maior enquanto levam ao ódio e ao fechamento egoístico dentro do grupo. Como discernir?
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