O fato histórico do êxodo e a sua dimensão divina descoberta à luz da fé |
Enviado por: Eldécio Luiz da Silva
Cursando Teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário
Diocese de Caratinga do regional Leste II Paróquia Divino - MG. |
|
Leia os outros artigos |
|
Tudo somado, para quem observa e estuda o fato do êxodo com critérios puramente humanos, houve uma tentativa bem sucedida de libertação do jugo de opressão que um homem, o faraó, impunha aos outros. Houve procura de liberdade e de independência. Houve muitos grupos que antes e depois de Moisés fizeram semelhantes tentativas. Os homens as continuam fazendo até o dia de hoje, pois o desejo da liberdade é o que mais fortemente se impõe.
Colocando sobre tudo isso a luz da fé, a Bíblia traz a seguinte mensagem: relatando os acontecimentos históricos do êxodo e insistindo, não tanto no aspecto material dos fatos, mas na experiência vivida e concreta e na convicção certa e inabalável de que Deus estava presente e atuante naquela tentativa humana de libertação, a Bíblia considera tal esforço de libertação como manifestação da presença de Deus entre os homens e como início da estrada que conduz a Cristo e à ressurreição. Por meio desta descrição, a Bíblia traz fatos que hoje acontecem: onde existe um esforço sincero de libertação, seja no plano individual seja no plano coletivo, aí podemos reconhecer a voz amiga do nosso Deus libertador que chama e interpela; por aí passa, até hoje, o caminho que leva os homens para Cristo e para a plena ressurreição.
Aqui surge uma dificuldade. Essa visão que a Bíblia oferece sobre a libertação do povo hebreu do Egito pode ter sido o resultado de uma auto-sugestão coletiva? Poder, pode, mas como explicar, então, os resultados (a doença) de outra maneira. Ora, os resultados que a história atesta são de natureza tal que nenhuma explicação a não ser aquela da própria Bíblia os esclarece satisfatoriamente.
Nesse caso, a impossibilidade da ciência histórica de reduzir os resultados adequadamente a uma causa determinada depõe em favor da autenticidade da interpretação que o povo mesmo deu aos fatos por ele vividos, na hora da sua libertação do Egito.
O resultado que a história verifica mas não consegue explicar satisfatoriamente é este. Na medida em que o povo caminhava, tornava-se mais livre, mais responsável, mais sensível aos problemas humanos, mais consciente, mais fraterno, tinha mais força e coragem para continuar pela estrada da vida, para levantar a cabeça, até hoje, onde outros sucumbiram. Tudo isso a Bíblia o registra e a investigação histórica o atesta.
Esse resultado aparece na vida do povo e é por ele explicado como sendo uma conseqüência do êxodo e é interpretado como fruto da ação de Deus. Essa humanização progressiva da vida conseguiu impor-se, porque o horizonte que, a partir do êxodo, se abriu sobre o futuro do povo, ultrapassava a simples visão humana e se relacionava com Deus. Ora, se essa visão sobre a vida prestou um serviço tão grande ao homem onde outras visões fracassaram, então ela merece confiança, e não convém classificar como auto-sugestão coletiva a experiência com Deus que está na origem do povo e que levou o povo a conquistar a sua liberdade.
|