Especial - A Bíblia
 
O ângulo de visão da ciência moderna contradiz a visão da Bíblia?
Enviado por: Eldécio Luiz da Silva
Cursando Teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário
Diocese de Caratinga do regional Leste II Paróquia Divino - MG.
 
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Ninguém pode proibir que nos coloquemos no ângulo de visão do historiador e que apliquemos à Bíblia os critérios da ciência moderna, a fim de chegar a um conhecimento histórico mais exato dos fatos ocorridos. Essa pesquisa foi feita.

Os resultados a que se chegou são os seguintes: as pragas eram fenômenos naturais que costumavam acontecer na região do Nilo, eis alguns exemplos:

- Nilo Vermelho: Os materiais de aluvião provinientes da Abissínia colorem a água do rio de vermelho.

-  Invasão das rãs: Na época das inundações aumentam as rãs em forma tão considerável que se transformam em verdadeiras pragas.

- A peste do gado: Acontece no mundo todo

- Os tumores: Pode se tratar da chamada brotoeja ou sarna do Nilo. Consite em erupções que causam uma grande coceira, são contagiosas e, frequentemente ,se transformam em ulceras terríveis.

- O granizo: É verdadeiramente raro no Nilo, mas não desconhecido. A época mais propícia para que isso se ocorra são os meses de janeiro e fevereiro.

- Nuvens de gafanhotos: Ocorre com freqüência e é um acontecimento bem típico no Oriente

- As repentinas escuridões: Os chamsin, designado vulgarmente como simum, é um vento ardente que arrasta massas de areia, as quais ocultam o sol, dando-lhe um aspecto amarelado e fazendo com que em pleno dia, mal se possa ver.

- Somente a morte dos primogênitos é uma praga para qual não existe nenhuma explicação. Sendo que existe relatos históricos e arqueológicos desse fato, porem a ciência nunca conseguiu explicar.

E, naturalmente, também não há uma explicação científica porque a escuridão afetaria somente os egípcios e não os israelistas.

A passagem do Mar Vermelho era possível por causa da maré baixa; o vento forte (cf. Ex 14 21) fez recuar a água num lugar onde já dava pé; o maná era uma espécie de resina comestível. São conclusões certas que não podemos negar. Essas coisas costumam acontecer no Egito, até hoje. Assim, a ciência explica os acontecimentos do êxodo de maneira natural e pode dizer: não se verificou nada de extraordinário. O que houve foi uma tentativa humana bem sucedida de libertação, como houve muitas, antes e depois de Moisés. Esta conclusão, à primeira vista, desnorteia.

O resultado dessa pesquisa histórica, porém, situa-se na categoria de “fotografia”, que a Bíblia não nega, mas supõe, por dela poder tirar um raio-X que revela o outro lado da medalha: Deus estava no meio de tudo isso! A ciência, por sua vez, não pode negar sem mais as conclusões da Bíblia, pois tal negação ultrapassaria as suas premissas e a capacidade dos seus instrumentos de observação. Os instrumentos científicos não conseguem registrar a ação de Deus. Sua presença só é percebida por aquele que para Ele se abre com fé. Deus fica aquém e além da observação científica.

Por isso, na Bíblia, há uma certa despreocupação pelo aspecto histórico material, pois os seus autores caem em repetições inúteis, em exageros e até em contradições, aumentam e diminuem, interpretam e mudam a perspectiva dos fatos. Tudo isso a ela não importa tanto. O que importa, é comunicar a mensagem profunda do fato: Deus estava presente e atuante naquela tentativa humana bem sucedida de libertação. Dessa maneira, ela quer abrir os nossos olhos sobre o que está acontecendo, hoje, ao nosso redor. As tentativas humanas de libertação se multiplicam em toda a parte. Não pensemos que tal ocorra fora de Deus ou que Deus não tenha nada a ver com isso.

A olho nu não vejo os micróbios, mas verifico os resultados (as doenças), e, tendo o instrumento apto, posso ver os micróbios. Com a simples razão nada percebo de Deus no êxodo nem no mundo de hoje, mas verifico os resultados: um povo mais livre, mais humano, mais responsável, mais consciente; e tendo o instrumento apto da fé, posso perceber nisso um sinal da presença de Deus.

Aquilo que aconteceu naquele tempo, acontece hoje e acontece sempre. Há uma terceira dimensão nos acontecimentos, que a olho nu não é visível. Acontece que aquele que se deixa marcar demasiadamente por um ângulo de visão das coisas perde a sensibilidade pelos outros. A quem só quer ver o lado “científico” se atrofia a percepção do lado escondido das coisas, apreendido pela poesia, pela arte, pelo canto, pela filosofia ou pela pintura. Assim, o fechamento do homem, dentro de si e das suas próprias conquistas científicas, pode atrofiar nele a abertura para Deus e levá-lo a não dar nenhuma importância à dimensão divina dos fatos que a fé revela. Muitas vezes, porém, a culpa não é da ciência, mas dos que professam a fé, pois pela vida que levam parecem dar a prova de que a fé, de fato, não contribui muito par o progresso e o crescimento da vida humana.

A Bíblia, assim analisada, pode ser uma luz que nos ajuda a descobrir essa dimensão escondida da nossa vida. A narração do êxodo, em particular, pode revelar a presença atuante de Deus em determinados setores da vida humana onde comumente não procuramos tal presença.



 
 
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