Liturgia Dominical
10º Domingo do Tempo Comum – C
Leia as outras homilias
Para enviar essa homilia automaticamente no FACEBOOK, clique no botão abaixo:
Você tem muitos amigos e envia e-mails para todos? Então você pode enviar essa homilia para todos seus amigos de uma única vez, basta copiar a url abaixo e colar em seu e-mail.
Para enviar manualmente, copie CTRL C o c�digo acima e cole CTRL V no mural ou mensagens de e-mails dos seus amigos:
Leia as outras homilias

"O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem" (cf. Sl 26,1s).

Meus irmãos,

Hoje somos chamados a ter confiança. Confiança como a viúva do Evangelho que chorava a morte de seu filho único. Jesus teve compaixão da viúva recuperando a vida de seu filho. Por isso a Igreja não se cansa de nos apresentar Jesus como o senhor da vida e da morte.

A Primeira Leitura da liturgia dominical nos apresenta o filho da viúva de Sarepta(cf. 1Rs 17,17-24). Elias era o “homem de Deus”: agia com a força de Deus. É conhecido por sua luta contra os ídolos, no século VIII AC. Sua presença no meio do povo falava de deus; seus gestos eram “sinais” de Deus. Assim, a ressurreição do filho da viúva de Sarepta não é magia, e sim a resposta de Deus à oração de Elias(cf. 1Rs 17, 22). A viúva de Sarepta, que sabe estar dando hospedagem a um homem de Deus, pensa que Deus entrou em sua casa para castigá-la por suas iniquidades. Por isso, morreu seu filho. Não sabia que Deus não é um Deus de morte, mas, como de repente lhe é revelado, o Deus de vida. A ressurreição se dá por obra de Elias que não se apresenta, porém, como doador da vida, antes como alguém que invoca aquele que a dá.

A Segunda Leitura nos apresenta a vocação de Paulo(cf. Gl 1,11-19). Paulo tem a certeza de que a sua vocação tem sua origem em Jesus Cristo, portanto, em Deus mesmo. Para provar isso a seus críticos, não pode recorrer ao conteúdo de sua mensagem, pois eles apregoam no nome do mesmo Cristo um outro conteúdo. Então, aponta sua história pessoal: de fanático perseguidor de Cristo foi, por este, transformado em “Apóstolo das gentes”. No caminho de Damasco, Cristo o chamou e com a sua luz ao mesmo tempo o cegou e o iluminou.

Caros fiéis,

No tempo em que Jesus peregrinava neste mundo, Israel esperava a volta do profeta por excelência, para preparar a “visita” de Deus. Havia certa dúvida se o profeta seria Moisés(cf. Dt 18,16) ou Elias(cf. Ml 3,23-24). Mas, quando Jesus ressuscita o filho de uma viúva, que o Evangelho de Lc 7,11-17 nos conta hoje, não hesita em reconhecer nele o novo Elias: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo!” (cf. Lc 7,16). Assim Jesus é o sinal da presença de Deus, com sua graça e misericórdia. Ele se “comiserou” (cf. Lc 7,13) como o povo esperava no seu Dia. No quadro do Evangelho de Lucas, esta narração tem ainda outra função: logo em seguida lemos o episódio do Batista, que pergunta se Jesus é aquele que deve vir, no sentido de profeta escatológico. E a resposta de Jesus é: “Olha só o que está acontecendo: todas as categorias mencionadas nas profecias messiânicas encontram cura, e até os mortos são ressuscitados; e aos pobres é anunciada a boa notícia de Jesus, o seu programa de vida; será que ainda existe dúvida? 

Caros irmãos,

Todos nós sabemos que a viúva é uma mulher carente e desamparada pela sociedade. A vida se esvai. A desolação é completa. Por isso mesmo, a Sagrada Escritura apresenta os órfãos e as viúvas como protótipos dos marginalizados. E o amparo aos órfãos e viúvas é a manifestação perfeita de verdadeira e autêntica vida comunitária e de inserção na comunidade eclesial.

A Primeira Leitura da missa de hoje nos anuncia a ressurreição do filho da viúva de Sarepta realizada pelo profeta Elias(Cf. 1Rs 17,17-24). Jesus chega com seus discípulos à cidade de Naim e encontra-se com uma viúva, cujo filho era levado para o cemitério fora da cidade. “O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe: Não chores”. Mas Jesus não ficou nas palavras: “Aproximando-se, tocou no esquife e disse: Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” E o morto sentou-se e começou a falar. E, Jesus o entregou à sua mãe”. E todos reconheceram que Deus visitou o seu povo. A Primeira Leitura é narrada para ilustrar como em Jesus se realiza a esperança do novo Elias. É uma tipologia: Elias é o “primeiro esboço” que é levado à perfeição em Cristo. Por trás destas tipologias, freqüentes na antiga teologia cristã, está à fé na continuidade da obra de Deus: o que ele tinha iniciado em Israel, levou-o a termo em Jesus Cristo. Que Jesus supera Elias aparece nos detalhes da narração: ele não é apenas o “homem de Deus”, mas “o Senhor”; não precisa fazer todos os trabalhos que Elias fez para reanimar a criança.

Tanto a Primeira Leitura como o Evangelho revelam grande valorização da vida. Deus quer conservar seus filhos em vida. Isso está no violento contraste com a leviandade e até o desprezo que a vida humana enfrenta em nossa sociedade. Deus se comisera para fazer reviver uma criança, enquanto nossa sociedade as mata ainda no útero. Será que poderemos novamente falar de uma visita de Deus, quando restauramos o sentido do valor da vida, não só no caso do aborto, mas também das guerras, repressão, torturas, poluição do meio ambiente, da fauna, da flora, dos alimentos, do trânsito assassino, e, sobretudo da miséria e da fome? O salmo responsorial nos exalta a resistirmos: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!”(cf. Sl. 30/29).

Meus irmãos,

Como nós podemos vislumbrar a Páscoa nestas leituras? A cena de Sarepta e de Naim, no Evangelho, repetem-se com muita freqüência, digo até impressionante, através da história. Não precisamos ir muito longe. Ela está presente em cada Comunidade de fiéis. Ainda hoje, a toda hora, levam-se jovens, filhos únicos de mães viúvas, aos cemitérios. Isto acontece quando a vida gerada é tirada. Dá-se no abandono das pessoas, nas injustiças, na marginalização das massas sofridas. A nossa sociedade está repleta de mães viúvas, que levam seus filhos únicos para o Cemitério. A última esperança de vida é tragada pela morte.

Então é hora de nossas Comunidades Eclesiais reagirem. Importante que ela esteja à caminha como Jesus, como Elias. Mas não pode passar ao largo. Precisa parar, precisa entrar em casa, na cidade, para visitar as viúvas. Deverá ter a mesma atitude de Jesus: compadecer-se, consolar, agir, ressuscitando o jovem para que o povo glorifique a Deus.
           
Meus irmãos,

Paulo, na segunda leitura, para provar que seu “evangelho” é o verdadeiro mostra a sua origem. Não foi ele mesmo, nem outro ser humano, que o inventou(cf. Gl. 1,11.16.19). São Paulo faz questão de dizer que não foi instruído por homem algum. Quem fez de Paulo seu mensageiro foi Cristo mesmo, que o “fez cair do cavalo”; a transformação operada em Paulo, tornando o antigo rabino, fariseu e perseguidor de cristãos, em apóstolo de Cristo, não é obra humana. E também seu evangelho não é obra humana. Por isso, este resumo de sua história pessoal é história de salvação.

Esta atitude será sincera se repetirmos o gesto de São Paulo. Sermos discípulos autênticos, convictos e zelosos pelo Evangelho(cf. Gl. 1,11-19). Somos chamados a deixar de devastar a Igreja, e deixar revelar-se em nós o Filho de Deus. Percebendo o renascimento da vida nos desamparados, também a Assembléia eucarística poderá glorificar a Deus porque mais uma vez Ele visitou o seu povo. Ele renderá graças neste domingo, sobretudo, por aqueles e aquelas que, na sociedade injusta, se comprometem em defender e alimentar a vida dos irmãos necessitados.

Hoje e sempre Deus continua visitando o seu povo. A visita de Deus deixa seu povo também com a “responsabilidade de gratidão”. O povo espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão de Deus, que fez grandes coisas aos pequenos, aos fracos e aos humilhados. Muitos ainda não são capazes disso. Não se sabem alegrar com a visita de Deus aos pequenos. Por isso lhes escapa a grandeza desta visita singular. Mas, afinal, quando é que sentimos Deus mais verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade, ou quando um gesto de amor atinge uma pessoa carente?

Nós não podemos e não devemos aceitar que Jesus seja reduzido a simples precursor de uma humanidade renovada. Jesus já é nossa humanidade. Nele o futuro já é presente. Contemplando o mundo, esse teatro imenso onde se desenrola a ação maravilhosa do homem, temos alternadamente a sensação de um gigantesco vazio. Se olharmos com os olhos da fé na ressurreição de Cristo, permaneceremos confiantes porque a nossa história é, no tempo, a história da morte e ressurreição de Jesus.

Que Deus, que sempre nos visita, nos comprometa com a vida em plenitude. Deus só visita aos homens e mulheres que defendem a vida e se opõem contra a morte. Que sejamos todos pregoeiros da vida e da vida plena, amém!

 
 

xm732