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A polêmica do diálogo
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
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O secularismo dos nossos tempos não quer mais admitir que se façam incursões apostólicas, buscando conversões à nossa Igreja. Pobre de São Francisco Xavier, sempre considerado modelo de evangelizador. São os “mortos” querendo ditar regras aos “vivos”.

Hoje se empatam todos os trunfos no diálogo (que não queremos desprezar). Diante de representantes de outros credos, dizem, devemos adotar a pastoral da presença, de preferência silenciosa, revestir-nos de uma atitude de empatia.

Em seguida ouvi-los com grande respeito, narrar-lhes também os nossos pontos de vista. Modestamente devemos deixar-lhes o nosso exemplo de vida cristã.

Aqui termina a missão do evangelizador, que deixa o seu interlocutor refletindo e ruminando as informações. Essa atitude reflexiva pode durar séculos...Mas quer me parecer que São Paulo não entendia assim. Ele tinha pressa. “Ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9, 16). A ordem de Jesus “fazei discípulos meus a todas as nações”  impulsionou o dinamismo do anúncio na Igreja primitiva. Ninguém conseguiu segurar seu zelo missionário.

É verdade que Jesus nunca obrigou as pessoas a segui-lo, pois Ele só fazia propostas aos ouvintes. Nunca aprovou golpes de esperteza, falcatruas, mentiras e falsidades. Nem violências.  No decorrer dos séculos foram adotados muitos modos diferentes de evangelização, ainda válidos para os dias atuais. Muita gente simples aprofunda sua fé numa cavalgada.

Outros sintonizam seu amor a Cristo numa folia de Reis.Outros se comovem até o fundo da alma vendo crianças inocentes coroando Nossa Senhora, ou vendo as adolescentes fazerem uma coreografia da Bíblia. Alguns adultos ficam sensibilizados com o terço dos homens. Mas não esqueçamos os métodos mais intelectuais: a Escola da Fé, a Teologia para Leigos, os Movimentos organizados, o estudo do Catecismo da Igreja Católica. O zeloso Papa Paulo VI não poderia ter falado com mais clareza: “a evangelização comporta uma mensagem explícita...sobre Cristo e a Igreja” (Evangelii Nuntiandi, N. 27 e 29). Portanto, a evangelização desidratada e sem mordência não está prevista.

 
 
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