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A diferença é profunda
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
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Se fazemos aqui uma comparação entre Sacrifício na Antiga Lei, do povo de Israel , e o que Jesus proporcionou na Nova Lei, não é no sentido de menosprezo pelo que fizeram os nossos pais na fé, antes de Cristo.

Mas é para mostrar a grande diferença que vai entre um e outro. Penso que para nós – e para todos – fará bem compreender melhor seu sentido mais profundo.

É tradição entre os povos, haver o holocausto de animais ou frutos da terra ao Ser Eterno, para obter seu beneplácito.

O desejo de expiação nasce do sentimento de infidelidade ao Criador, que acompanha os seres ornados de razão. O povo judeu não fazia exceção.

Tinha o seu serviço de sacrifícios bem organizado no templo. “Aceitareis o sacrifício, os holocaustos e oblações em vosso altar”  ( Sl 50, 21).

Poderíamos analisar um pouco as características do sacrifício antigo. Antes de tudo, era um sacrifício nacionalista em seu objetivo, pois se voltava apenas à purificação de Israel. E Deus queria que o templo fosse destinado a todos os povos (Ver Mt 21, 13).

Os sacrifícios não eram duradouros, por precisarem ser repetidos sempre de novo. Apesar de aliviarem o ânimo do povo, não podiam purificar a consciência, pelo fato de serem meramente simbólicos. Não tinham capacidade expiatória,  porque se sacrificavam meros substitutivos, onde se transferiam as responsabilidades para seres irracionais.

A justiça não podia ser satisfeita, pois a punição recaía sobre terceiros (animais e plantas). Dificilmente os holocaustos levavam à conversão do coração porque não tocavam no centro da alma, nem à adesão à vontade divina. Já o sacrifício de Cristo, sempre tornado atual na Eucaristia, é para todos (Ver Lc 22, 20). Outra diferença é que o sacrifício eucarístico é oferecido de uma vez para sempre.

Na missa ele é apenas tornado atual (para nós). O sacrifício de Jesus não é apenas simbólico. Ele morre por nós. O próprio Deus carrega em cima de si, com total liberdade, os nossos pecados. Toma o nosso lugar. E por isso nos purifica o coração.

Chamando-nos para o centro, convida toda a humanidade a nos oferecermos, junto com Ele ao Pai. A nossa oferta é muito pobre: os trabalhos, as lutas, os planos, as dores. Ele unifica todos os povos e assim recebemos a resposta acolhedora do Criador

 
 
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