Colunas
 
Fortes emoções à vista
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
Leia os outros artigos
 

O esporte bretão tem a capacidade de unir a nação brasileira. Parece que o país pega alma na hora de uma disputa futebolística. Só um nerd é capaz de resistir a essa onda avassaladora.

No Brasil um simples treino da seleção paralisa a nação em dia de trabalho, sem protesto dos empresários. A prática do esporte faz bem para o corpo e para a alma. Podemos até aplicar a nós o que diz o salmo: “A nenhuma nação Deus revelou assim os seus estatutos” (Sl 147, 20).

A nossa abundância de craques é um canteiro, onde brotam espontaneamente os jogadores, disputados por todas os países do mundo.

Quando começou essa onda de contratações por parte de clubes estrangeiros, fui contra, pensando que estariam empobrecendo o nosso futebol. Mas não há o mínimo problema. Se sai um, brotam em seu lugar três outros, da mesma qualidade.

Não fossem as partidas de futebol, (e as vídeo-cassetadas do Faustão), o domingo terminaria com o almoço. Assim mesmo, pela tardinha os caminhões já vão todos para a rodovia. Mas tenho visto que, a par dessa beleza do nosso povo, sempre existe uma margem para a imprudência, a falta de moderação, o ambiente incontido do “já ganhou”.

É falta de aprender a lição de Cristo que recomendava que ninguém fizesse um juízo sobre si acima dos demais. Remember 1950, quando os nossos craques, já antes do jogo, desfilaram com a camisa de campeões. Recebemos uma dura lição, que afinal, foi uma bênção. Porque isso nos possibilitou os triunfos das copas mundiais subseqüentes. (Os uruguaios deveriam se arrepender do que nos fizeram). Mas essa obrigação de ganhar aflora sempre de novo.

Lembro-me que numa classificação para a copa mundial, a nossa seleção foi muito hostilizada em Assunção, Paraguai. A opinião pública exigiu que os nossos rapazes derrotassem o Paraguai, no Maracanã, com uma sonora goleada. O que aconteceu? Um vergonhoso empate de zero a zero. E olha lá!..Agora que vamos ser sede da próxima Copa, já se ouvem  abertas exigências de  formadores de opinião pública, que temos a obrigação irrenunciável de sermos os campeões.

Devagar! Vamos entrar com disposição de vencer. Mas humildes e realistas. Os outros são todos nossos irmãos, que também receberam de Deus dons especiais.



 
 
xm732