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São Vicente - A caridade acima de tudo.
Capitulo 3
Por: Julinei Nogueira de Almeida
Paróquia de São Pedro Sete Lagoas - Minas Gerais
E-mail: julinei@gmail.com
Msn: julinei@hotmail.com
 
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A mortificação para um detento

Certo dia, Vicente se encontra no convés da galé capitânea, observando atentamente e com o coração amargurado os trezentos homens que, sob as ordens de um guarda empunhando um chicote de couro e sob um sol escaldante, os comandava. Fazendo um esforço quase sobre-humano eles remavam. Em dado momento, um dos remadores, extenuado, desmaia. O guarda, sem a menor consideração começa a vergastá-lo nas costas nuas que sagram. Vicente, solta um gemido, e desce, como um autômato, para junto do pobre homem, tentando soerguê-lo.Vicente ordena que se retirem as pesadas correntes das mãos e dos pés do pobre homem e que o leve à enfermaria. O guarda executa a ordem. Vicente toma o lugar dele e convida os galerianos a continuarem o trabalho.

Vicente de Paulo, quis nos mostrar o verdadeiro valor da mortificação, que sobrepõe a mística da aceitação. Seu maior triunfo não foi somente libertar o galeriano, e sim estar num ato de amor e  compaixão, ao tomar às rédeas da dor para si.

Em pleno século XXI, nos deparamos com situações delicadas, e perigosas, devido ao alto índice de violência no mundo, as prisões, encontram-se em estado decadente, onde os presos, são colocados a uma cela, onde suportariam sessenta homens, e na realidade, são postos mais de duzentos, o sistema carcerário, permite ao detento, usufruir das mais ultrapassadas garantias de vida. Muitas das vezes, um delinqüente juvenil, é misturado, com altos traficantes, e assassinos. Assim, a detenção, muitas vezes, se torna um centro de habilitação ao crime à estes presos, e não uma reabilitação a vida.

Devido ao este fato, não se vê, um ser humano estar tomando para si, as dores de um condenado. Pelo contrário, afundam cada vez mais o detento as más condições.
E na França na época de Vicente não era diferente; as galés, (embarcações, que levam mercadorias, onde os presos, trabalhavam a duro suor, e depois de algum tempo eram libertos), aquilo se tornava um local, onde nem mesmo animais são vistos como em jaulas, e nem tanto maltratados como tal. O guarda surrava os detentos com seu chicote, todos presos a correntes, num lugar onde haviam 275 remadores, a umidade tomava conta do local, juntamente com o frio. Ficavam semi-nus, cobertos de feridas ao serem açoitados. Isso tinha de ser mudado.

Em fevereiro de 1619, Vicente é nomeado Capelão das galeras. Com esta nomeação, o de Paulo, tinha tudo a seu favor, especialmente por estar com seu nome renomado perante ao governo francês. A partir daí, as mudanças começam a ocorrer, as sentenças eram revistas, as injustiças não mais eram vistas como um sinal de covardia. A forma como estava sendo trabalhada a situação das galés, fez com que muitas pessoas engajem junto a causa, principalmente as Filhas da Caridade, que em 1640 assumiriam papel importantíssimo.

Deus quer que a humildade e o despojamento, ultrapassem o egocentrismo e o medo. São Vicente vem a mostrar com este ato, que isto é possível, a começar com uma visita. Tomando para si, a sua cruz, o cristão, poderá enfim, se tornar mais santo e mais fiel ao plano do Pai.



 
 
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