Olá, saudações!
Esse breve artigo visa esclarecer um pouco mais um muito importante em nossa Igreja. Muitas vezes nos utilizamos de estudos hagiográficos e nem nos damos conta disso. Mas o que seria a Hagiografia?
O termo hagiografia é de origem grega (hagios - santo; grafia - escrita). Hagiografia seria como uma “biografia”, que consiste na descrição da vida – milagres – morte – canonização – culto de algum santo, beato, virgem, um abade ou demais servos de Deus proclamados por algumas igrejas cristãs, devido a sua vida e pela prática de virtudes cristãs. É o ramo da História da Igreja dedicado à vida e culto dos santos. Também esse estudo é visto em outras religiões como Budismo e Islamismo, acerca de homens e mulheres cujas biografias interessam ao culto ou à crença dos mesmos.
Quem nunca buscou um bom livro sobre a vida dos santos ou daquele de devoção? Quem fez pesquisas em busca da história de vida deste ou daquele santo, para conhecê-lo ou divulgá-lo, com certeza utilizou textos hagiográficos.
Historicamente, podemos situar o uso desse termo a partir do século XVII, quando foi iniciado sistematicamente o estudo sobre os santos, sua vida e culto. Todavia, esse tipo de estudo é muito anterior. Esse tipo de literatura tem início ainda na Antiga Igreja (30-313), quando, a partir de documentos oficiais romanos ou do relato de testemunhas oculares, eram registrados os suplícios dos mártires da Igreja Primitiva. Alguns desses escritos eram trocados pelas comunidades cristãs visando divulgar as ações e a vida dessas pessoas. Ao longo da Idade Média (476-1453) foi consolidada e ampliada, com a expansão do cristianismo e a difusão do culto aos santos. A partir do século XVII foi amplamente divulgada e aprofundada.
Podemos considerar como textos hagiográficos os martirológios e necrológios (catálogos contendo a forma e a data de morte), revelações (aparições, visões, sonhos ou escritos inspirados), vidas dos santos, tratados de milagres, processos de canonização, relatos de trasladação, além de lendas e tradições.
Poucas vezes vemos os santos como autores de tais textos biográficos. Assim, o autor ou autores da obra buscam realçar os grandes escritos, as supostas qualidades extraordinárias da pessoa, a vivência da fé, possíveis milagres e as suas grandes obras.
Existem livros muitos conhecidos, os quais assinalam a vida dos Santos, tais como:
- “Legenda Áurea – Vida de Santos”, do autor: Jacopo de Varazze (1226-1298)
Livro foi escrito no século XIII, um clássico da literatura religiosa que alcançou muita popularidade ao longo dos séculos. O objetivo imediato do autor era fornecer aos frades da época, um bom material para a elaboração de sermões, de modo a proporcionar uma pregação mais eficiente. A coletânea conheceu enorme sucesso na Idade Média e se tornou referência nos estudos religiosos. Juntamente com a Bíblia, ele serviu de fonte para pinturas e desenhos sacros. No livro, vemos a história dos Apóstolos e de mais de 140 santos, como Santo Antônio, Francisco de Assis, São João Batista e São Sebastião.
- “O Livro dos Mártires”, do autor Jonh Foxe (1517-1587)
A primeira edição deste livro foi publicada em 1559, em latim. Após a entronização da protestante rainha Elizabeth, Foxe voltou à Inglaterra. A tradução inglesa do seu livro foi editada em 1563, sob o título The Actes and Monuments of These Latter and Perilous Dayes. Ficou conhecido popularmente como o Livro dos Mártires, título que permaneceu ao longo dos séculos. O livro reconta as vidas, os sofrimentos, e as mortes triunfantes dos mártires cristãos da história. Ele assinala o a vida e martírio de Jesus, de alguns Apóstolos, de líderes de heresias medievais e de membros da chamada Reforma Protestante... O texto possui a estrutura hagiográfica, contudo, grande parte de seu conteúdo é questionado pela Igreja Católica Romana. O Livro dos Mártires moldou por séculos a consciência religiosa da Inglaterra.
Conclui-se que a maior finalidade dos textos hagiográficos é pedagógica, ou seja, ensinar e edificar os cristãos na fé. Também divulgam os ensinamentos oficiais da Igreja, mostrando manifestações divinas, os valores e virtudes cristãs no exemplo de vida dessas pessoas, propagando seus feitos a todos aqueles que possam ser espelhados por eles. Tais escritos ampliam o culto aos santos e faz com que mais e mais pessoas passem a aprofundar sua Fé, crer mais no poder de Deus e também de participar de Templos e Mosteiros que os têm como padroeiros, por exemplo.
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