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Vocacionados ao Amor.
Compreendendo o Ágape Divino pela dinâmica dos bambus.
Jerônimo Lauricio - Bacharel em Filosofia.
E-mail: jeronimolauricio@gmail.com
 
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Um fato conhecido por todos é que muito tem se abordado e discutido sobre a temática do Amor. Mas nunca é demais, por exemplo, parar para refletir porque que todos os outros bons sentimentos plantados no coração do homem, bebem necessariamente dessa fonte.

É interessante notar também como em nossas relações o sonho de Deus parece-nos difícil de realizar. Muitos já não se percebem mais como essencialmente inclinados ao Amor. Perdeu-se aos poucos aquela gratidão pela existência do outro. Costumamo-nos a amar se assim o fizerem conosco. Talvez esteja aí a resposta do motivo da desconfiguração do Amor.

Gosto de pensar no Amor Ágape. Acredito ser esse o ápice do desejo de Jesus por nós. O Ágape nos revela a gratuidade do amor, nos ensina a amar não somente a partir da nossa sede, mas da fonte que corre. A Encarnação do Verbo traduz para a humanidade inteira o Ágape que brota do coração de um Deus que se dá em amor, mesmo sabendo que de alguns nada poderia receber em troca. Uma verdadeira atitude “kenótica” (Fl 2, 7), um rebaixamento, uma sublime inclinação.

Curioso também é como os bambus nos remota à compreensão deste Ágape. Já me explico: A beleza dos bambus é revelada à medida que  estes vão crescendo, contemplando as alturas e respectivamente se inclinando. Em alguns lugares vemos bambus plantados de um lado e outro que crescem separados por um caminho, uma estrada e se inclinam um ao outro; um verdadeiro ensinamento de que o dar-se em amor é encontrar-se com o outro sem perder a singularidade, a própria essência. Aí está a beleza... a beleza de um amor.

E Deus não faz diferente. Ao contrário, Ele opta por vir ao encontro do homem. Dar cor e sabor a essa beleza de Amor sem igual. Esse amor de tão belo que é, faz Santo Agostinho refletir em seus colóquios: “Sero te amavi oh pulchritudo tan antiqua et tan nova”. (Tarde te amei, oh beleza tão antiga e tão nova). Precisamos fazer da experiência agostiniana, a nossa. Compreender que somos vocacionados ao Ágape, uma vez que Ele se inclina ao encontro de nosso coração. Voltar ao primeiro Amor – eis o imperativo.

Que nos permitamos, portanto dar-nos sem reservas, sem medidas, inclinar-nos em amor a Deus e ao próximo. O mundo anseia por pessoas que façam este Ágape acontecer. E Deus não porque precise, mas porque acredita nessa nossa vocação, conta conosco!



 
 
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