Família e catequese |
Por: Jairo Coelho
Seminarista Diocesano
E-mail: jairo.coelho@hotmail.com |
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Ao criar o homem a sua imagem e semelhança e dar-lhe a mulher por companheira, Deus quis constituir a família como célula primeira e vital da sociedade. Porém, as famílias estão se deteriorando progressivamente, ameaçadas pela crise de valores que temos testemunhado em nossos dias. A família não é mais um celeiro de santidade, mas um criadouro de caricaturas humanas sem espaço para a vivência dos valores evangélicos.
Muito se ouve falar sobre evangelização das e nas famílias. Mas esta continua sendo um grande desafio. Não sabemos como envolver as famílias, sobretudo, no processo de catequização dos filhos. É sabido que os pais devem ser os primeiros catequistas de seus rebentos. Entretanto, a realidade é bem diferente. Muitas crianças chegam aos encontros de catequese e não sabem sequer fazer o sinal da cruz. Toda a responsabilidade é repassada ao catequista, e não deve ser assim.
A iniciação cristã tem que começar em casa. A Bíblia Sagrada nos mostra o exemplo de Timóteo, o qual foi educado na fé por sua avó e sua mãe: “Conservo a lembrança daquela tua fé tão sincera, que foi primeiro a de tua avó Lóide e de tua mãe Eunice e que, não tenho a menor dúvida, habita em ti também”. (II Tim 1,5). Infelizmente isto é raro hoje em dia. Mas graças a Deus ainda existem famílias que conservam vivos os valores cristãos.
Entretanto, o que se vê, geralmente, são pais que simplesmente mandam ou deixam seus filhos na porta da Igreja e voltam para buscá-los horas depois. Parece não haver nenhuma preocupação com a evangelização da criança ou do adolescente. Muitos nem ao menos conhecem o catequista do filho, nunca o procuram para saber o que acontece nos encontros de catequese. A preocupação maior é com a cerimônia do dia em que o catequizando receberá o sacramento. Tanto é que quando procuram o catequista não é para saber o que o filho está aprendendo, mas como será a roupa que irá vestir no dia celebração.
Na tentativa de envolver as famílias, em muitas paróquias tem-se o costume de celebrar “missas da catequese”. No entanto, quase sempre quem participa são apenas os catequistas e os catequizandos.
O que fazer diante dessa realidade? Na paróquia de Sant’Ana, em Belém do Pará, algumas experiências têm dado certo. O ENCONTRÃO DAS FAMÍLIAS, por exemplo. A cada dois meses realizamos um encontro para as famílias dos catequizandos, não apenas para os pais, mas para todos os membros da família, no qual os próprios catequizandos apresentam, em forma de arte (teatro, dança, música, etc.), o conteúdo trabalhado durante os encontros de catequese. Ao final as famílias se confraternizam, partilhando o lanche que cada uma traz.
Outra experiência bem sucedida é a MISSÃO CATEQUÉTICA. Trata-se de visitas às famílias dos catequizandos. Cada catequista, juntamente com seus catequizandos, realizam visitas regulares às famílias para conhecerem a realidade de cada uma e juntos rezarem e partilharem suas experiências de fé e vida.
Nossas reuniões com os catequistas acontecem sempre na casa da família de um catequizando. O objetivo é partilhar com a família nossas alegrias e tristezas, nossas preocupações e nossas conquistas e assim envolvê-la na missão evangelizadora.
Muitas outras experiências por este Brasil a fora têm conseguido envolver as famílias e, portanto, devem ser incentivadas. É evidente que os resultados não são imediatos. Mas convém lembrar que a manifestação de Deus acontece em doses homeopáticas. Por isso, é preciso paciência e não desanimar diante das adversidades. Deus testa nossa perseverança e nem sempre suportamos, porque vivemos numa cultura do imediatismo. Todavia, o cristão não pode ser assim.
É urgente que nossas famílias voltem a ser celeiros de santidade. Para isso, a catequese deve ser um canal da graça de Deus, principalmente para aquelas famílias que se encontram desestruturadas. É indispensável fazer ecoar nesses lares a palavra de Deus. Logo, não podemos ficar parados de braços cruzados esperando que venham até nós, e sim somos nós que temos que ir ao encontro dessas famílias, cumprindo desta forma o mandato missional de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações...” (Mt 28, 19). Portanto, nossa maior alegria deve ser testemunhar o amor de Deus.
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