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O tamanho e a origem do problema
Por: Jairo Coelho
Seminarista Diocesano
E-mail: jairo.coelho@hotmail.com
 
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Os problemas têm o tamanho e a importância que se dá a eles. Infelizmente é muito comum ouvir pessoas que estão sempre reclamando de tudo e de todos. Encontram-se continuamente preocupadas, insatisfeitas, angustiadas, deprimidas. Nada lhes agrada e são incapazes de perceber a graça e a beleza que as cerca, esquecendo até mesmo que Deus não perde o controle de nossas vidas e que está sempre na expectativa de demonstrar sua paternidade, assim como fez com o filho pródigo (cf. Lc 15,11-32).

Pessoas assim sempre absolutizam os problemas como se estes fossem um ponto final, quando na realidade são apenas um ponto seguido. A vida continua e somente Deus é absoluto! Tudo isso tem origem em algo ainda mais profundo e perigoso, que é o maior obstáculo na nossa relação com Deus: O EGOCENTRISMO. Essa criança mimada que não tem censura e por isso mesmo sempre quer chamar a atenção de todos, quer ser o centro. E quando isso acontece é um verdadeiro desastre, porque o centro é o lugar de Deus, de onde Ele emana seus raios sobre nós. Além do mais, não precisamos ocupar o centro para sermos felizes, pelo contrário.

O egocentrismo nos faz perder a paternidade e a fraternidade. A pessoa egoísta está sempre sozinha e os problemas ganham dimensões gigantescas, porque não se tem com quem dividi-los. Ele provoca na pessoa a sede do ter, do poder e de glória, reflexo do medo do futuro, da carência de vida e da ausência de auto-estima, respectivamente.

Mas como para tudo tem um jeito, como diz o adágio popular, o egocentrismo também tem cura e a receita quem dá é o próprio Jesus Cristo. Ele é o Médico dos médicos. Para enfrentar a sede do TER, Jesus apresenta o exemplo de Zaqueu: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres, e se roubei alguém, devolverei quatro vezes mais do que tirei” (Lc 19,8). O encontro com o Mestre fez aquele cobrador de impostos mudar completamente suas atitudes e seu modo de viver. A ganância que até então pautava a sua vida agora dá lugar à honestidade.

Para superar o desejo de PODER, Jesus nos apresenta outro exemplo pouco convencional, se olharmos apenas pelo prisma humano, mas seguramente muito eficiente: “Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido [...] Dei-vos o exemplo para que, como eu fiz, assim façais também vós” (Jo 13, 5.15). O serviço mútuo e com humildade, portanto, é o remédio para combater esse sintoma do egocentrismo.

O anseio de GLÓRIA é facilmente eliminado se fixarmos o olhar em Jesus sendo tentado pelo demônio (Mt 4, 1-11). Na última tentação Jesus afirma o princípio fundamental de nossa vida: Deus é o único Senhor e a Ele unicamente devemos obediência e adoração. O mundo, os reinos, sua glória, não merecem uma resposta totalitária de nossa parte.

Como se vê, os problemas só existem porque existem soluções. Convém a nós superá-los, sem subestimá-los, tampouco supervaloriza-los. Não nos deixemos sufocar pelas dificuldades da vida, diminuindo assim o tamanho do problema e tratando de cortar o mal pela raiz.



 
 
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