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Não se faz mais Igrejas de antigamente
Por: FERNANDO LOPES
Arquidiocese de Cuiabá - MT
Coord.Pastoral da Catequese / Ministro Extraordinário da Palavra de Deus / Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
Email: fernando9183@gmail.com
Facebook: fernando9183
 
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A propósito do Pentecostes que estamos vivendo na espiritualidade da liturgia, temos como base o texto em que relata o início “prático” da Igreja de Jesus Cristo. Esse início é marcado por uma ação fantástica e impressionante do Espírito Santo, 50 dias depois, talvez alguns apóstolos já descrentes do que realmente poderia acontecer de suas vidas vivem uma experiência maravilhosa do Espírito Santos de Deus.

À partir daí a força e a unção do Espírito impulsiona os apóstolos e os discípulos a iniciar a Igreja de Jesus de Cristo. Começa então uma grande jornada até chegar aos dias atuais, e só chega porque é sustentada por esse mesmo Espírito. Mas infelizmente algumas pessoas vivem uma Igreja que muitas vezes parecem não ter espírito nenhum e vivem uma igreja de “paredes”.

Esse falso conceito de Igreja vai contra a tudo aquilo que Jesus ordenou aos discípulos. Enquanto Jesus nos envia para evangelizar o mundo, nós no acomodamos dentro das paredes da Igreja e esperamos sentados a salvação. O Pentecoste precisa acontecer novamente em muitas comunidade católicas que vivem uma fé de inércia. E o pior, tem gente que acha que isso é Igreja. E toda vez que aparece um abençoado, seja ele um leigo ou padre, que quer fazer algo novo, diferente, criativo, renovador, vem então uns e outros e criticam dizendo: “Isso é um absurdo, não se fazem mais igrejas de antigamente”.

Bem, eu já ouvi gente dizendo isso pra mim e fiquei desanimado, triste, mas compreendi uma vez que na verdade o que precisamos entender é que os tempos mudam, as coisas mudam, as pessoas mudam, o meio em que as pessoas vivem mudam, o jeito delas se relacionarem com esse meio muda, ou seja, tudo muda! Então porque algumas pessoas dentro da Igreja relutam em renovar o jeito de SER Igreja?

Vejam! O próprio papa Bento XVI, que para muitos é conservador, dá sinais de um homem visionário e preocupado com a ação na Igreja no mundo moderno. Ele se preocupa com a forma que a Igreja se relaciona com o povo, um exemplo é o catecismo para jovens YOUCAT que foi lançado em 2011. Construído por jovens, esse catecismo é a forma mais eficaz da Igreja estar em sintonia, na forma de comunicar com o jovem. Ou seja, a Igreja tem a preocupação de se renovar, de se atualizar, mas tem outros “chefes” de Igreja que acham isso um absurdo.

Ora meus irmãos, o tempo de Moisés, era o tempo de Moisés, no tempo de Jesus foi o tempo de Jesus, no tempo dos apóstolos foi o tempo dos apóstolos, agora chegou o nosso tempo e nesse tempo o mundo é totalmente diferente do tempo de Jesus. Veja, falando ainda dos jovens, como os atrairemos para a igreja se ainda insistimos com um discurso que não agrada ao jovem? Se ainda temos padres que não falam a linguagem do jovem, se a liturgia é cansativa – e deixo claro que não estou falando que há necessidade de mudar a liturgia, mas talvez a forma de aplica-la - se o ministério de música não é animado, se o banco é duro demais, se o som da igreja é igual à rádio fora de sintonia. Dessa forma não há atração, não há encantamento, então não haverá adesão.

Daí então eu concluo que não podemos mesmo fazer Igrejas de antigamente, porque o que alguns querem é fazer Igrejas para os de antigamente, e com todo respeito, ser de antigamente ou não, não tem nada a ver com a idade, tem a ver com a mentalidade.

Então não podemos mais fazer Igrejas de antigamente. A Igreja, a comunidade de base, precisa viver um novo pentecostes, ela precisa se reinventar, se renovar, senão vai morrer. Nossa Igreja é uma igreja peregrina, que vive em missão, que carrega sua cruz e segue junto à Jesus para o céu, e é responsabilidade do leigo que é liderança nas comunidades, dos padres, dos bispos, de toda a Igreja ajudar ao Povo de Deus chegar lá de forma engajada. Isso só acontecerá se nós mostrarmos uma Igreja atrativa ao povo de Deus.  Jesus conseguia discípulos porque acima de tudo por onde ele andava, ele encantava as pessoas com sua forma de falar, com seu jeito carinhoso de olhar, com sua atenção voltada aos que mais necessitavam, com seus milagres, com suas curas, com a sua promessa. Cabe a nós hoje, continuarmos aquilo que Jesus deixou, mas como estamos evangelizando? Estamos realmente contextualizados na realidade do homem para conseguir tira-lo desse mundo que cada vez mais consome sua dignidade, sonhos, paciência, forças e energia e leva a depressão, stress, aos surtos, isolamento, separações, brigas, enfim, ao inferno.

Não, eu não quero uma Igreja de antigamente, eu quero uma Igreja de hoje de sempre, de Jesus.

Pense nisso!



 
 
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