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A Quaresma nossa de todos os anos
Por: FERNANDO LOPES
Arquidiocese de Cuiabá - MT
Coord.Pastoral da Catequese / Ministro Extraordinário da Palavra de Deus / Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
Email: fernando9183@gmail.com
Facebook: fernando9183
 
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Iniciamos nessa última quarta-feira de cinzas (22.02.12) mais um período Quaresmal. Mais um ano em que a Igreja proporciona um período para reflexão, conversão, oração e jejum.
Todo ano, logo após o carnaval entramos em um tempo litúrgico que nos propõe um momento de reflexão para nossa vida pessoal, cristã e espiritual. Nossa liturgia nos leva a um clima de “exame de consciência” para a espera da Páscoa.

O Problema é que essa proposta só existe e acontece em um período de quarenta dias. Se observarmos individualmente cada católico, observaremos que a Quaresma só acontece liturgicamente, só acontece na “tradição” da sua fé, porque de fato, ela NÃO ACONTECE como deveria.

Conversando com um amigo, discutíamos exatamente sobre isso, a cada ano nós não levamos essa reflexão e esse aprofundamento espiritual adiante, tudo morre com o Jesus crucificado na sexta-feira santa. As pessoas geralmente curtem o carnaval, depois vão à missa de cinzas, alguns fazem jejum de carne, outros fazem algum propósito de penitência, mas chegada a semana santa é como se tirasse um preso da cadeia. A pessoa parece que foi absolvida de uma pena perpétua. Penso eu: é isso mesmo que Jesus quer de nós?

Caro(a) irmão(ã), se você não faz o seu propósito de coração, coração esse elevado à Deus, com toda ânsia do mundo de alcançar cada vez mais o céu, não tem pra quê fazer isso. Se você vai sofrer para realizar a penitência proposta, a ponto de se sentir mal, não faça! O Senhor que nos ama, não quer isso de nós, ninguém precisa se crucificar, Ele já fez isso!

Faça algo que você tem certeza que te fará bem, que te fará um cristão melhor. Se proponha a evoluir, isso é o mais importante. Queira ressuscitar em uma nova pessoa, assim como Jesus. Não adianta ficar, por exemplo, sem beber a Quaresma inteira e depois ter um coma alcoólico. Se você se propõe a não beber na Quaresma é porque deve experimentar a vida sem algo mundano que te afasta do plano espiritual, que afasta o seu EU divino de você mesmo. Se conseguir fazer isso, conseguirá viver sem beber para sempre. “Ah, mas eu não vou beber por respeito”. Ótimo! Então não perca a oportunidade de crescer espiritualmente se propondo a fazer outra coisa e continue respeitando o tempo litúrgico.

Infelizmente a cultura religiosa tortura alguns ensinamentos católicos e o que estou dizendo não é fruto da minha cabeça é ensinamento da Igreja. A Igreja ensina que Quaresma é tempo de conversão e conversão é MUDANÇA, mudança total, perene, não temporária. Precisamos fazer um esforço, todos os católicos conscientes, lideranças, catequistas, padres, para uma experiência de conversão contínua. Na Quaresma isso se enfatiza, mas não pode ficar só nisso, é pouco demais para quem quer seguir Jesus.

Perceba que as pessoas ficam focadas no “NÃO FAZER”, mas toda proposta de conversão se baseia em um “NOVO FAZER”. Dessa forma seria mais válido na Quaresma se propor a ir mais a Igreja, trabalhar mais para a Igreja, reservar mais tempo para sua oração pessoal, fazer mais caridades, ser uma pessoa mais amorosa com os seus entes. Isso nos fará ser uma Igreja – comunidade melhor, isso nos fará viver uma VERDADEIRA Quaresma, não essa quaresma litúrgica que vivemos todos os anos, que possui uma cara de tristeza, seriedade, mas que na verdade é tudo fachada. Farisaísmo ingênuo! Vivemos uma quaresma só dentro da Igreja, fora dela, nos nossos ambientes de vivência nada muda.

Então é hora de aproveitarmos mais esta oportunidade quaresmal para uma conversão plena, e que Deus possa nos orientar e fortalecer para que passemos a realmente viver conforme oramos, que nossa quaresma não seja burocrática, litúrgica, farisaica, mas que possa nos levar ao encontro de Jesus que também já esteve no deserto fazendo a sua Quaresma.

Pense nisso!

 
 
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