Os seis sentidos do catequista |
Por: FERNANDO LOPES
Arquidiocese de Cuiabá - MT
Coord.Pastoral da Catequese /
Ministro Extraordinário da Palavra de Deus /
Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
Email: fernando9183@gmail.com |
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Todos nós aprendemos na escola quando ainda éramos pequenos que o ser humano tem cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Todos nós aprendemos um pouco mais grandinhos, pela cultura popular que existem pessoas que tem o sexto sentido, principalmente as mulheres.
Pois bem, hoje vou apresentar os seis sentidos dos catequistas, o que não muda muito do que já conhecemos, mas digamos que será um novo olhar sobre aquilo que é importante para nós.
Visão: Comecemos com a visão, enxergar é um dom de Deus, conseguir ver o sorriso das pessoas que amamos, as cores das coisas que nos cercam, a felicidade do mundo é de grande valor pra quem enxerga e mais ainda para quem não enxerga.
A grande essência da visão que eu proponho está exatamente naquilo que quase ninguém consegue ver. Enxergar com os olhos de Deus é o grande segredo para nós catequistas, conseguir ver o seu catequizando com olhos divinos lhe dará a chance de ver o que ele esconde, de ver o que ele quer te dizer, mas não consegue. Muitas vezes encontrei vários catequizandos que tinham medo, vergonha, dúvida e que somente com um olhar específico neles, consegui enxergar essas coisas. Cabe ao catequista ter esse olho divino pra enxergar o escondido, o oculto, assim como Jesus.
Audição: Ouvir é sempre importante, diz o ditado popular que devemos falar menos e ouvir mais, por isso Deus nos deu dois ouvidos e uma boca.
A verdade é que aprendemos muito mais ouvindo do que falando, ouvir é uma atitude humilde, inteligente e prudente. Muitas vezes poderíamos economizar uma discussão se ouvíssemos mais. Muitas vezes é muito mais valioso você parar para ouvir o seu catequizando do que ficar falando o que pra ele, muitas vezes, não serve. Ouvir também é catequizar, ouvir é estar a serviço daquele que precisa de alguém para desabafar, colocar pra fora aquilo que o aflige, que atormenta e que corrompe. Quantas vezes nós não queríamos somente uma pessoa para ouvir os nossos problemas?
Olfato: O cheiro é sempre indício de algo que aconteceu ou que está acontecendo. Quando você sente o cheiro de fumaça é porque há fogo, quando você sente cheiro de cigarro é porque alguém está fumando, quando você sente o cheiro da comida é porque é hora de comer. Dessa forma nós vamos identificando com o nosso olfato aquilo que é bom, aquilo que é ruim, enfim, o olfato sempre nos dá a percepção da realidade.
Diz um provérbio chinês que fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem colhe flores! Pois bem, o perfume do evangelho deve exalar dos nossos poros, da nossa vida, das nossas experiências, da nossa boca, do suor do dia-dia que a cruz nos faz transpirar. As pessoas devem saber, pelo nosso cheiro, que somos jardineiros do céu!
Paladar: Ah, o paladar! Como é bom sentir o gosto das coisas, como é bom sentir o doce do chocolate, como é ruim o azedo do limão, enfim, como é bom sentir o gosto... Como é bom saber o gosto das pessoas, saber se elas são amargas, azedas, doces, ácidas ou sem gosto algum.
Qual o seu gosto? Você é aquele catequista sem graça, sem gosto, inçoso, sem importância, ou eu sou aquele catequista salgado demais, insuportável, que deixa a gente fazendo cara feia? Qual o gosto dos seus catequizandos, que gosto os agrada, que gosto ele querem provar? Você já conseguiu experimentar com seus catequizandos o gosto do Reino de Deus, o gosto do céu?
Tato: O Tato está ligado ao maior órgão do corpo, a pele! E nunca conseguimos nos imaginar vivendo sem o tato. Talvez você conheça alguém que não enxergue, que não ouça, que não sinta cheiro, mas que não tenha tato é muito raro.
Imagine você, não poder sentir o toque do beijo da sua amada, ou do seu amado. O carinho daquele que te ama, um abraço amigo, o arrepio do medo, a refrescância da água do chuveiro nos dias quentes, o calor do cobertor nos dias frios, tudo isso é muito gostoso e traz à tona a nossa sensibilidade.
E sensibilidade é algo que o catequista precisa ter. Muito além de formação, oração, perseverança, o catequista precisa ser sensível. Pois é a sensibilidade que faz com que você sinta no seu catequizando, a graça de Deus, o processo da conversão, a eficácia da oração, o medo de fazer uma pergunta, a dúvida de uma questão mal entendida, etc. O catequista precisa, pela sua sensibilidade, ter um olhar diferente, um toque diferente, um falar diferente, um sentir diferente. E mais, é pela sensibilidade que se entende os sacramentos, por que sacramento é sinal sensível da graça de Deus e é só por meio de uma sensibilidade, também humana, que se pode vivenciar os sacramentos.
O sexto sentido: Chegamos enfim, no último sentido dos catequistas. Esse não é um sentido humano, é espiritual. Ou melhor, é o sentido que nos leva ao espiritual. O sexto sentido é a TRANSCENDÊNCIA. É o poder de nos elevarmos, de chegarmos a Deus, é o que nos faz distinguir dos outros seres da terra. O poder de sermos divinos, como imagem e semelhança de Deus. É a capacidade que temos de nos encontrarmos com Deus e assim, VER, OUVIR, SENTIR, CHEIRAR e PROVAR DEUS. Só é permitido ter esses outros sentidos humanos já colocados aqui nessa reflexão se pudermos transcender até Deus.
Quando o padre diz na missa: “Corações ao alto!”, nós respondemos: “O nosso coração está em Deus!”, ou seja, estamos dizendo que estamos elevando nosso coração até o céu, até o divino, onde se encontra Deus.
Transcender é preciso, o catequista que não transcende não consegue conjugar a inspiração do céu com a transpiração do dia-dia. E o grande motor, que nos faz transcender é a Fé! Dessa forma, somente pela fé é que conseguimos nos elevar, viver em graça, viver o céu aqui na terra e sermos sal, fermento e luz para os nossos catequizandos.
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