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As tentações!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Depois de termos, piedosamente, recebido as cinzas que nos foram impostas em nossas cabeças, com a abertura da quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas, ecoa em nosso coração o convite da Igreja: "Convertei-vos e Crede no Evangelho".

E, para crer no Evangelho, nós devemos lembrar que "somos pó e ao pó retornaremos", por isso mesmo a conversão é um processo contínuo. A conversão não pode ser forçada, porque Deus nos concede o livre arbítrio.

Neste primeiro domingo da quaresma, que é um grande retiro popular, para cada um de nós, a Igreja nos chama a atenção acerca das "tentações". Somos tentados a cada momento, pelos prazeres desordenados, pela vaidade, pela necessidade de opressão e de poder despótico de mando. Somos tentados pelo ter, pelo ser e pelo poder.

O Beato João Paulo II disse que "antes de iniciar a sua atividade pública, Jesus, impelido pelo Espírito Santo, retira-Se no deserto durante quarenta dias. Ali, como lemos hoje no Evangelho, Ele é posto à prova pelo demônio, que Lhe apresenta três tentações comuns na vida de todo o homem: a voluptuosidade dos bens materiais, a sedução do poder humano e a presunção de submeter Deus aos próprios interesses".

O livro primeiro das Escrituras Sagradas nos apresenta a tentação de Adão e Eva: (Gen 2,7-9.3,1-7) Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. No entanto o homem preferiu construir o "paraíso" a seu modo. Rompendo com o projeto de Deus, "sentiu-se nu", despojado dos dons de Deus, incapaz de ser feliz. O Homem vem "da terra", no entanto recebe também o "sopro de Deus". Deus criou o homem para ser feliz, em comunhão com Deus e indica-lhe o caminho da imortalidade e da vida plena. A escolha errada do homem, desde o início da história, destrói a harmonia no mundo e é a Origem do Mal.

São Paulo nos apresenta Adão e Jesus. (Rm 5,12-19) Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus.

No Evangelho Jesus é tentado três vezes: a tentação da abundância, do prestígio e do poder. Jesus é tentado a transformar pedra em pão e responde que "nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus". Jesus, em segundo lugar, registra o prestígio, o poder, as facilidades, os holofotes, a necessidade de aparecer, e diz: "Não tentarás o Senhor teu Deus". Por fim, Jesus é tentado ao poder. Como esta tentação continua atual, principalmente naqueles homens da hierarquia eclesiástica que fazem ouvidos moucos aos exemplos e vivência do Papa Francisco. O Papa, tal como Jesus, nos dá o recado claro e cortante: "Adorarás somente ao Senhor, Teu Deus!".

Nosso Senhor Jesus Cristo recusou a tentação do pão, da glória e do poder e nos ensinou que só uma coisa é verdadeiramente decisiva e fundamental: a fidelidade a Ele e à sua Palavra de Salvação.

O tempo da quaresma é um tempo de vencer as tentações que Jesus viveu e que são as mesmas tentações que todos vivemos. O Papa Emérito Bento XVI ensinou: "O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição de homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida".

Para vencer as tentações devemos contar com a graça de Deus, reforçando o triple deste tempo: jejum, oração e penitência. A paciência e a humildade de seguir o Senhor todos os dias, aprendendo a construir a nossa vida sem O excluir, ou como se Ele não existisse, mas nele e com Ele, porque é a fonte da vida verdadeira. A tentação de eliminar Deus, de pôr ordem sozinho em si mesmo e no mundo, contando unicamente com as próprias capacidades, está sempre presente na história do homem.

 
 
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