Vigiai |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Ninguém sabe quando será o fim do mundo. Nem podemos pretender que apareçam sinais espetaculares anunciando que a hora está para chegar, pois a vinda do Filho do Homem será como nos dias de Noé, Naquela ocasião, as pessoas levavam a vidinha de sempre: "Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento" Nada de extraordinário para anunciar a iminência do dilúvio, a não ser a presença de Noé "que era pessoa justa entre seus conterrâneos, andava com Deus e por isso obteve o favor de Javé".
O evangelho não emite um julgamento a respeito da conduta das pessoas no tempo de Noé. O livro de Gênesis, ao contrário, salienta o aumento da violência até chegar a uma situação insuportável. Mateus se limita a frisar que os contemporâneos de Noé "nada perceberam até que veio o dilúvio e arrasou a todos".
"Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra deixada". Por que essa diferença de sortes? Qual terá sido o critério de seleção, se aparentemente os dois homens e as duas mulheres estavam fazendo exatamente as mesmas coisas? A resposta está no modo como as pessoas agem. Há quem vive o presente preparando o futuro e há quem não aprendeu da história e não sabe como viver o presente sem futuro.
O que é vigiar? Para alguns, pode ser a atitude de policiamento por se considerarem donos da verdade. Mateus não pensava assim. No episódio do Getsêmani, Jesus pede aos discípulos que vigiem com ele. Vigilância, nesse caso, é solidarizar-se com Jesus, que está para ser morto por uma sociedade baseada na mentira e na injustiça. Isso pode iluminar o trecho em questão. Jesus não está à procura de inquisidores, nem declarou aberta a temporada de caça às bruxas; ele quer pessoas que, apesar de não saberem quando o Senhor virá, solidarizam-se com os que clamam por sua vinda, projetando luzes novas sobre a escuridão que invade nossa sociedade. Os que assim agem colhem, desde já, as sementes de eternidade, que se encontram no momento presente.
É hora de acordar! Que cada um de nós acorde já! É tempo de novas oportunidades para a fé. A alvorada de um novo tempo já está raiando entre nós.
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