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Bispos próximos do povo e misericordiosos!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Eu, como bispo há mais de cinco lustros, estou exultante com a nomeação e o início do ministério do Papa Francisco. Pessoalmente entreguei ao Cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidente de nosso amado episcopado brasileiro, uma relação de coisas que entendo que o Papa Francisco deve continuar a modificar na Igreja. O Papa recebe as cartas de todos, clérigos e leigos, e responde a todos, demonstrando que a Igreja deve ter uma "lufada" de povo, de sentir o cheiro dos fiéis e de ir ao encontro das ovelhas que estão na periferia.

Na semana passada o Papa Francisco encontrou-se com cento e vinte novos bispos de todo o mundo, num encontro em Roma promovido pela Congregação para os Bispos e pela Congregação para as Igrejas Orientais. O Papa iniciou a sua alocução dizendo que o "bispo é um homem de comunhão e unidade, visível princípio e fundamento de unidade". Por isso os bispos "apascentam o rebanho de Deus que lhes foi confiado, não por imposição, mas de livre e espontânea vontade, como Deus o quer; não por vil interesse, mas como generosidade; não como donos daqueles que lhes foram confiados, mas como modelos para o rebanho"(1 Pt 5,2).

O Papa Francisco combate a mentalidade principesca de muitos que, agarrados ao fausto externo das construções faraônicas ou dos paramentos externos e ricos em brocados, é claro ao afirmar: "Somos chamados e constituídos Pastores não por nós mesmos, mas pelo Senhor e não para servir a nós mesmos, mas ao rebanho que ele nos confiou servi-lo até dar a vida como Cristo, o Bom Pastor!".

O Papa Francisco advertiu os novos bispos a viver um interessante triplé de vida: "Acolher com magnanimidade, caminhar com o rebanho e permanecer com o rebanho".

Francisco exorta que os bispos tenham "seu coração tão grande a ponto de ser capaz de acolher todos os homens e mulheres que você encontrar ao longo de seus dias e que você vai encontrar quando visitar suas paróquias e comunidades".

O Bispo, explica o bispo de Roma, deve "caminhar com o rebanho, acolher a todos para caminhar com todos", "partilhando com eles alegrias e esperanças, dificuldades e sofrimentos, como irmãos e amigos, mas, mais ainda como pais, que são capazes de escutar, compreender, ajudar, orientar. O caminhar juntos requerer amor, e o nosso é um serviço de amor".

Uma questão fundamental, não só para os novos bispos, mas para os que já são bispos: "o afeto aos seus sacerdotes. Eles são os mais próximos do Bispo, indispensáveis colaboradores dos quais buscar conselho e ajuda, e dos quais cuidar como pais, irmãos e amigos".  O Papa é categórico ao afirmar: "Entre as primeiras tarefas que vocês têm está o cuidado espiritual do presbitério, mas não se esqueçam das necessidades humanas de cada sacerdote, especialmente nos momentos mais delicados e importantes de seus ministérios e de suas vidas!". Gostei muito porque o Papa não fala em punições de sacerdotes, mas em acolhidas, apesar de suas dificuldades.

O Papa recomenda aos bispos sentirem o cheiro do povo, das "ovelhas", e não serem príncipes, correndo atrás de novas dioceses, de promoções, de novos ofícios, nacionais ou curiais, ou de usar o ofício de serviço episcopal para se beneficiar em detrimento ao rebanho que lhe foi confiado. O Papa criticou os "bispos de aeroportos!", aqueles que viajam para cima e para baixo e que não são acolhedores.

Realmente o Papa Francisco está dando uma nova configuração a Igreja. Mas precisa mais: dizer que as suas falas, mesmo que não são "ex catedra" devem ser ouvidas por todos, particularmente pelos que usam do episcopado para oprimir o irmão e para comprar os "malditos" benefícios das promoções indesejadas e pecaminosas. Que todos os bispos sejam de fato bispos próximos do povo e misericordiosos!

 
 
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