Liturgia do céu e da terra |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
|
Leia os outros artigos |
|
Para enviar esse texto automaticamente no FACEBOOK, clique no botão abaixo: |
|
Você tem muitos amigos e envia e-mails para todos? Então
você pode enviar esse artigo para todos seus amigos de uma única
vez, basta copiar a url abaixo e colar
em seu e-mail. |
Para enviar manualmente, copie CTRL C o c�digo acima e cole CTRL V no mural ou mensagens de e-mails dos seus amigos:
|
Leia os outros artigos |
|
As comunidades às quais foi endereçado o livro do Apocalipse viviam tempos amargos por causa do testemunho: perseguições, exílio, mortes. Como entender o projeto de Deus nessas situações? Quem garante que Deus é o Senhor da história? A situação das comunidades identifica-se com o choro de João, choro-desespero diante da impossibilidade de entender o significado dos acontecimentos e o sentido da história sofrida que o povo vive.
Na visão do capítulo 5, o autor mostra às comunidades que Jesus, por sua morte e ressurreição, é aquele que dá sentido à história. A história é simbolizada pelo livro fechado com sete lacres (selos). A vitória de Jesus é celebrada numa solene liturgia universal, que inicia no céu e ecoa por todo o mundo, tendo como lugar de conclusão novamente o céu. Esses cânticos de louvor cantados no céu e na terra visam suscitar esperança na comunidade reunida para celebração e leitura do livro, levando-a a tomar consciência da ação de Cristo em favor dos cristãos.
O texto da segunda leitura do terceiro domingo da Páscoa reflete a segunda e terceira doxologias. A segunda é celebrada no céu, por um número incontável de anjos que circundam o trono, os seres vivos e os anciãos. O trono simboliza a estabilidade de Deus e do seu projeto. Os seres vivos são símbolos do dinamismo que parte de Deus. Os Anciãos são figuras representadas do povo de Deus. Cada comunidade verá neles os irmãos e irmãs que os precederam no testemunho.
O hino de louvor atribui a Cristo, morto e ressuscitado, e só a Ele, o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor. São sete (número perfeito) atribuições. São o reconhecimento alegre dos cristãos diante do que Jesus realizou em favor deles. Só Ele é merecedor dessas atribuições. Aplicá-las a outros – como se costumava fazer no império romano, onde o imperador era adorado como Deus e recebia do povo esse reconhecimento – é, para as comunidades cristãs, idolatria, pois só quem dá gratuitamente a vida para resgatar a morte é que deve ser louvado.
A terceira doxologia se faz ouvir em todos os lugares: no céu, na terra, sob a terra, sobre o mar e é proclamada por todos. Ela atribui a Deus e ao Cordeiro, para sempre, os atributos do reconhecimento de sua ação: o louvor, a honra, a glória e o poder.
A liturgia se encerra no céu com um Amém solene. Amém significa: isto é verdade. É o reconhecimento de que Deus é plenamente fiel. O reconhecimento é acompanhado de prostração e adoração por parte dos Anciãos. Seu gesto é um convite às comunidades: a quem adorar? Basta olhar a caminhada das comunidades, descobrir por que pessoas tiveram a coragem de perder a vida e derramar seu sangue, para descobrir quem merece, de forma única e exclusiva, reconhecimento e adoração
|