Paixão |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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A narrativa da Paixão segundo João (18,1 – 19,42) aborda alguns temas fundamentais, que são: a. – JESUS É DOADOR DA VIDA NOVA. O relato da Paixão se inicia e termina num jardim. É uma alusão ao jardim do Éden. Onde o ser humano não soube se comportar de forma humana autêntica, rejeitando a vida para escolher a morte, Jesus ensina o modo de possuir a vida: dando-a gratuitamente em favor dos outros. Diante de Jesus, as pessoas têm duas opções: ou o reconhecem e se comprometem com Ele, ou acabam aderindo ao sistema injusto que o rejeitou e condenou, perdendo assim a chance de ter a vida.
A Paixão revela o conteúdo da HORA DE JESUS. No último sinal do evangelho de João, o Filho do Homem conclui sua obra em favor da humanidade: "Está consumado." Sua obra, de agora em diante, será completada pelo Espírito, que Ele entrega: "Inclinando a cabeça, entregou o espírito." A hora de Jesus provoca o julgamento. É o momento em que são postas às claras as opções que as pessoas fazem em favor ou contra Jesus.
JESUS É O VERDADEIRO E ÚNICO REI. O tribunal montado contra Jesus manifesta sua incapacidade de condená-lo. O Filho do Homem declara que sua realeza não se baseia no jogo de poder das realezas deste mundo, que fazem uso da força e da violência. A realeza de Jesus consiste em dar testemunho da verdade. Ele é rei porque cumpre até o fim a vontade do Pai, que é a de amar de tal modo o mundo a ponto de enviar seu filho único. Segundo João, Jesus é o verdadeiro Rei. João evita, por isso, falar dos maus tratos que sofre. Ao falar dos soldados que caçoam de Jesus, coroando-o de espinhos e vestindo-o com um manto vermelho, João ironiza e desmascara os poderes deste mundo, ressaltando ainda mais que a realeza de Jesus é diferente. Em outras palavras, para Jesus, exercer o poder é dar a vida.
Na cruz, Jesus realiza plenamente a realeza, da qual se beneficiarão os povos. Outro indício de sua realeza é a quantidade de perfumes usados no seu sepultamento: mais de 32 quilos, quantia empregada só para enterro de reis. Ungindo assim o corpo de Jesus, Nicodemos está na realidade preparando o esposo para a festa de casamento com a humanidade.
JESUS É O CORDEIRO DE DEUS. Ele morre durante preparação da páscoa dos judeus. João mostra que o verdadeiro Cordeiro Pascal é o que foi imolado na cruz, cujo sangue redime a humanidade, conferindo-lhe vida nova e de cujo corpo a nova humanidade irá se nutrir. Ele lembra que nenhum osso de Jesus foi quebrado, exigência que se fazia ao cordeiro pascal. Ele é o pão descido do céu, que dá a vida ao mundo. É o verdadeiro Cordeiro.
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