O novo mandamento e a nova criação |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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A Quaresma é caminho de conversão até a novidade do Reino. Neste tempo, ressoa aquele primeiro grito de Jesus: “Convertam-se porque o Reino de Deus está próximo!”
Quando nos convertemos e abrimos os olhos para a novidade do Reino descobrimos que verdadeiramente Jesus nos situa em uma nova realidade. Nada a ver com o que antes vivíamos, nem com aquilo que nos haviam ensinado, Jesus nos conduz por caminhos novos de amor e de misericórdia.
Essa novidade está claramente assinalada na primeira leitura do quinto domingo da Quaresma, do texto de Isaías. Para aqueles judeus que conheciam bem o deserto porque o tinham muito perto de casa, a comparação era facilmente compreensível.
No entanto, por outro lado, com toda certeza poderia haver, entre seus ouvintes, alguém dizendo: “Isso é impossível. Ninguém pode fazer brotar rios em regiões desérticas. Ninguém pode fazer o deserto transformar-se em um jardim”. Mas isso é exatamente o que diz Isaías. Deus o fará com o único objetivo de aplacar a sede de seu povo. Deus faz com que o impossível seja possível. Ele faz brotar o perdão em meio ao ódio.
As pessoas anseiam por uma sociedade justa e fraterna. Esse anseio coincide com o projeto de Deus. Por isso Javé jamais deixou de propor libertação e vida nova ao povo e, a cada queda deste, anuncia um novo êxodo e convida a sair da opressão.
As estruturas sociais ou religiosas criadas por nós nunca conseguirão dar liberdade e vida a todos, se não estiverem sintonizadas com o projeto de Deus. Por isso Jesus desmascara a falsa justiça dos doutores da Lei e fariseus, fazendo-os passar de juízes dos outros a réus que necessitam de conversão. Todos os que aderem a Jesus passarão da opressão à liberdade. Essa passagem é um processo contínuo que o cristão assume como projeto de vida. Em meio a sofrimentos e riscos, ele vai se configurando a Cristo, para obter do Pai o prêmio.
Que possamos aproveitar este tempo especial da Quaresma para meditarmos sobre tudo isso e, espontaneamente por adesão à mensagem de Jesus possamos construir um processo de conversão em nossas vidas, o que será benéfico para aqueles que convivem conosco, mas será melhor ainda para nós mesmos.
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