O agir cristão |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Em cada dia da Quaresma, de modo especial, temos, através das leituras bíblicas, um recado de Deus para cada um de nós, seguidores e imitadores de Jesus.
Em Lc. 6,36-38, segunda-feira da 2ª semana, temos algo bem direto a cada um de nós. O cristão deve ter consciência de que suas ações devem superar os limites das relações humanas, para desembocar no Pai. Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo.
Nossa vida, portanto, deve ser essencialmente a imitação de Deus, do seu amor misericordioso, de sua infinita bondade e generosidade. Devemos agir assim porque é necessário mostrar que somos filhos do Altíssimo.
Todo cristão, pelo simples fato de o ser, deve considerar-se membro da base, da Igreja, Corpo Místico de Cristo.
Quando o serviço apostólico na comunidade, se converte em autoritarismo e condenador, sai do esquema evangélico da Igreja.
O eixo fundamental da vida cristã deve ser sempre a misericórdia, pois, ela é o eixo fundamental do agir de Deus, de Jesus seu Filho. Pela misericórdia, o cristão reproduz um modo de ser característico de Deus.
E Jesus indicou-nos algumas maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes até mesmo de doar nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se saber servidor, e com a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o perdão, os laços rompidos pela inimizade. A contrapartida da misericórdia humana é a misericórdia divina. O Pai não julga e nem condena a quem foi capaz de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem souber doar, Ele dá com abundância.
Supliquemos ao Senhor misericordioso para que revista todas as nossas ações, nossos gestos, nossas atitudes, com a misericórdia, característica do Pai, levando-nos a ser, para o nosso próximo, a revelação da bondade divina. Amém.
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