Quarta-feira de Cinzas |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Como sinal sacramental da salvação, a Quaresma abre progressivamente o Ciclo Pascal. A cada ano, descortina-nos um caminho espiritual rumo à Páscoa – ponto alto do ano litúrgico, mistério fundamental de nossa fé. A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e, com um insistente convite à conversão e à adesão ao Evangelho, nos propõe fidelidade ao seguimento de Jesus.
Toda festa deve ser preparada. Inauguramos esta preparação colocando cinzas sobre nossa cabeça, por isso o nome de Quarta-feira de Cinzas.
Na celebração deste dia é valorizado o rito da imposição das cinzas originado na tradição bíblica e mantido pelas comunidades cristãs com seu rico conteúdo espiritual.
Esta é praticamente a única celebração quaresmal, com a tônica da penitência. Neste dia, a liturgia renovada a partir do Concílio Vaticano II, insiste na autenticidade da penitência e no sentido interior da prática do jejum, da oração e da esmola, hoje mais compreendida por atitude de misericórdia e solidariedade.
Eis o motivo por que, aqui no Brasil, iniciamos neste dia a Campanha da Fraternidade que neste ano trataremos da Juventude.
Celebramos, neste dia o mistério de Deus misericordioso que acolhe com carinho nossa penitência, nosso desejo de conversão e nos convida, com amorosa insistência, a crer no Evangelho, seguindo com fidelidade o caminho pascal de Jesus.
Entramos neste tempo de Quaresma provocados pela Palavra que nos pede uma atitude nova em relação à natureza, às outras pessoas e ao próprio Deus.
As ações solidárias, as orações, os ritos e jejuns são aceitos se brotam como expressão de nossa relação amorosa com Deus e seu plano. Ele revela-se benigno, compassivo, paciente, cheio de misericórdia, inclinado a perdoar sempre e não deixa que seu povo sofra infâmia nem dominação.
Receber as cinzas significa reconhecer que não somos nada sem Deus e que queremos ser tudo com Ele.
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