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Misericórdia que gera dignidade humana!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Desde a minha infância feliz em Sarandira, junto de meus amados pais e de meus irmãos, nutrimos uma filial devoção por Santo Antônio.

Depois como padre formador, diretor do Seminário, Vigário Geral, Bispo Auxiliar, Administrador Diocesano e Arcebispo Metropolitano, quando contemplava a imagem de Santo Antônio da Sé Catedral Metropolitana, chamado de Santo Antônio “fujão”, tive a plena convicção de que a vida de Santo Antônio foi marcada pela caridade plena para os mais necessitados, por isso a tradição do pão do Santo para os mais pobres, que abençoados trazem nas “dispensas” domésticas a fartura necessária do pão nosso de cada dia e nos lembra o pão do Céu que é o próprio Cristo Ressuscitado que se dá a cada um de nós pela Eucaristia.

Santo completo, chamado de Doutor da Igreja, Santo Antônio nos ensina a viver uma vida autenticamente pautada pela caridade para com os mais humildes, para com os pecadores e a viver uma vida conforme o Evangelho da qual ele carrega Nosso Senhor Jesus Cristo nas mãos. Ele nos aponta sempre para o Menino Jesus.

Lembro bem do episódio da mulher adúltera. Quem tiver pecado atire a primeira pedra foi a reação de Jesus. Quando Jesus ficou sozinho com a mulher adúltera perguntou aonde estavam aqueles que a acusaram. E perguntou: “Mulher do que te acusam?”. Ninguém te condenou? Nem eu vou te condenar, vai e não peques mais!”.

Fantástica a pedagogia de Jesus diante da pecadora pública que é senão a miséria do pecado diante do Tribunal Supremo da Misericórdia. Não adianta fazer porta santa, orná-la de escudos e brasões, se a pessoa não vive aquilo que prega. O Papa Francisco está pedindo testemunhas do Evangelho com gestos concretos e não pessoas que querem condenar tudo e todos apenas para satisfazer a sua insignificância ou a sua arrogância. Muito cuidado com quem conversa contigo com o dedo em riste, sinal de prepotência e de uma falsa superioridade fruto da arrogância.

Jesus não condena os pecadores e não deixa de dar o perdão. Ele dá uma nova chance para aquela mulher e dará a mesma chance a qualquer pecador arrependido. A chave da misericórdia e do perdão está no gesto concreto de Jesus, longe dos códigos leoninos. O próprio Cristo dá a senha da misericórdia: “Nem eu te condenarei! ”.
        
Em tempos de tantas pessoas que querem apenas condenar e nunca acolher, que se julgam superiores do que aqueles que tem algum limite, vale o exemplo do padroeiro de Juiz de Fora: “A misericórdia do Pai é graciosa, espaçosa e preciosa”, uma frase retirada de um sermão de Santo Antônio para o Tempo da Quaresma, sobre o mesmo Evangelho de Lucas 7,11-17, lido neste 11º Domingo do Tempo Comum, exortou que a misericórdia de Deus é graciosa pois é um dom, graça de Deus; espaçosa pois é sem limites temporais e preciosa pois não há como medir seu valor. A misericórdia devolve o valor e a dignidade do ser humano.

Deus sempre nos perdoa, mas se não somos capazes de perdoar os outros, até aquele que mais nos incomoda, de superar nossas faltas jamais iremos compreender e viver o ano santo que tem na sua gênese aceitar o perdão de Deus e estendê-lo aos outros que nos cercam.

Santo Antônio nos ensina a ser misericordiosos e acolher, perdoando os pecadores. Não tenhamos medo de fazer, no ano santo, em gestos concretos esta atitude. Não podemos celebrar missa ou participar da missa se fazemos maldade, perversidade ou aniquilamos o irmão, isto é apostasia. Ninguém pode agir assim, principalmente quem tem poder de regime na Igreja Católica. Por isso sejamos ministros da acolhida e do perdão. Rezemos com Santo Antônio: “Senhor Jesus Cristo, pai misericordioso, infundi em nós a vossa misericórdia para que também nós a usemos para conosco e para com os outros, não julgando nunca a ninguém, não condenando nunca a ninguém, perdoando sempre a quem nos ofende e dando sempre nós mesmos e nossas coisas a quem nos pedir. E tudo isso no-lo conceda o próprio Senhor que é bendito e glorioso pelos séculos dos séculos. Amém. ”
 
 
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