Jesus é rejeitado |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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O trecho do Evangelho de Lucas 4,14 – 30 é uma síntese de tudo o que aconteceu na vida e ação de Jesus. Lucas quis, desde o início da atividade de Jesus, mostrar o que acontece ao longo de todo o Evangelho e o que acontece, também, na caminhada das comunidades cristãs: a mensagem de libertação encontra forte resistência e rejeição. Quem não admite que a Boa Notícia seja anunciada aos pobres, os que não querem ver os oprimidos libertados, os que não desejam ver livres os prisioneiros perseguem até a morte os promotores da libertação. Isso, segundo Lucas, aconteceu com Jesus já no início de sua atividade libertadora, na sua terra, no meio do seu povo.
De fato, segundo os estudiosos, o texto do quarto domingo do Tempo Comum é síntese de pelo menos três visitas de Jesus a sua terra. O evangelista fez com que essas três visitas sucessivas se tornassem uma só, de modo que, ao rejeitar Jesus e sua mensagem de libertação, o povo de Nazaré perde para sempre a possibilidade de ser cristão autentico. A rejeição de Jesus pelo povo de Nazaré é violenta: com isto perdeu a oportunidade de estar em contato com o libertador e salvador, excluindo-se do “hoje” do Deus que age na história.
A reação dos habitantes de o projeto de Jesus é libertar os empobrecidos e marginalizados. Mas seu programa de vida encontra fortes rejeições. E não se trata de simples discussão em torno de pontos de vista. A rejeição de Jesus e seu projeto culmina em Jerusalém, onde Ele é crucificado e morto por seus opositores.
A situação de Jesus é semelhante à dos profetas antigos, rejeitados por seus conterrâneos.
Para Lucas, a rejeição de Jesus em Nazaré serve de ocasião para manifestar que Deus não pode ser condicionado a um povo ou raça.
A reação dos habitantes de Nazaré é violenta: rejeitam Jesus e seu programa de libertação, tentando precipitá-lo de um monte. Jesus está sendo rejeitado enquanto profeta do Pai. Ele é rejeitado por se apresentar como aquele que renova os prodígios do Deus que libertou Israel da escravidão egípcia. Mas é impossível deter o processo de libertação: “Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho”.
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