Sob a proteção de Nossa Senhora |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Começo de um novo ano. Tempo de olhar para trás somente para corrigir os nossos erros, porque a utilidade do erro é que o reconheçamos e tentemos corrigi-lo. Conforme Guy de Larigaudie, “todo erro é um trampolim para um amor maior” e o que nós precisamos é que o amor que cultivamos seja cada vez maior. Agora, o mais importante é olhar para frente e começar uma vida nova.
São Lucas, no evangelho do primeiro dia do ano, exalta Maria como modelo do discípulo: mulher que escuta a Palavra e põe em prática o que escutou.
A participação de Maria nas narrativas do nascimento e da infância de Jesus é muito discreta. Na condição de ‘serva do Senhor’, colaboradora no projeto de Deus a ser levado adiante pelo recém-nascido Jesus, assume uma postura contemplativa.
“Guardava tudo no seu coração” expressa discernimento feito pela mãe, a partir do que via e ouvia a respeito do filho. Afinal, ela não foi uma iluminada com conhecimentos privilegiados, que lhe permitiam entender tudo o que se passava. Tinha, sim, consciência da missão confiada por Deus. Porém, foi preciso engajar-se de corpo e alma para compreender a real dimensão do compromisso assumido. O desafio do discernimento acompanhou-a ao longo da vida.
A postura de Maria antecipa a atitude do discípulo do Reino. Este também é desafiado a discernir as palavras e as ações do Mestre para compreender as exigências do discipulado. Quanto mais for capaz de conhecer o coração do Mestre, tanto mais estará em condições de segui-Lo com fidelidade. Trata-se de um percurso existencial, feito com o coração, mais que com a pura razão.
É o caminho que leva à sabedoria do Reino, do qual Maria foi discípula exímia.
Aprendamos com Maria e, para isto, necessitamos humildade e coragem. E, também, discernimento.
Maria ficou cheia do Espírito Santo e abraçou, com amor, fé e coragem a causa que o Pai lhe confiara.
Peçamos a Deus que nos envie o Espírito Santo para que nos dê o dom do discernimento para que, como Maria, nós saibamos reconhecer o mistério do Pai na vida de Jesus, de quem somos seguidores.
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