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Deus é surpreendente
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Jesus não apenas oferece aos judeus o pão para se alimentarem fisicamente. Jesus fala de pão que dá a verdadeira vida. Jesus lhes oferece a ressurreição. Diz-lhes que o antigo desejo de toda pessoa de viver e viver eternamente e de maneira plena não é um mero sonho. É uma promessa real para os que acreditam nele e o aceitam como enviado de Deus.

Mas Jesus depara com um muro difícil de ser superado: a incredulidade dos judeus. Estes já o conhecem. Sabem perfeitamente que é o filho de José, o carpinteiro. Conhecem seu povo e sua família. Não há nada que possa ser feito. Eles já sabem como seria o Messias enviado por Deus. Os longos períodos de tempo passados estudando as Escrituras Sagradas deram seu fruto. Não há surpresas possíveis. Deus tem seus caminhos marcados e eles já os conhecem. Por isto são incapazes de aceitar a novidade que está presente em Jesus. Jesus não se adapta ao modelo que conhecem. Ele não cumpre todos os requisitos necessários para ser o Messias.

No fundo, os judeus, aos quais Jesus se dirige no Evangelho do décimo nono domingo do Tempo Comum não deixam oportunidade para a suprema liberdade de Deus. As Escrituras não eram para os judeus um caminho que os abrisse para a imensidade do mistério, mas um manual que o próprio Deus se via obrigado a obedecer.

Acontece que Deus é incomensuravelmente livre. E sua vontade de salvar os homens manifesta-se de muitas formas. Quase sempre de modos diferentes daqueles que esperamos ou desejamos. Mas, em todo caso, testemunhando seu amor infinito para cada um de nós.

A fé poderia ser imaginada como um rosto de olhos abertos e cheios de surpresa. Com o olhar voltado para o horizonte, para muito além daquilo que é visível fisicamente. A pessoa que vive na fé assemelha-se ao vigia que vive examinando continuamente o horizonte à espera da novidade que há de chegar. Não encontramos nosso Deus no passado. Ele se aproxima de nós no futuro, em nosso futuro. Lá se deixa encontrar. Mas é preciso estar com os olhos bem abertos porque talvez não o reconheçamos num primeiro relance. E há o perigo de que a sua presença nos passe despercebida. A vida que é oferecida por Jesus está além de nossas possibilidades. Como os judeus, poderíamos repudiá-la por ser impossível, mas para aquele que, a partir da fé, vive na esperança, a salvação de Deus torna-se experiência cotidiana.

Quando Jesus disse a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo, deveríamos entender que os reinos deste mundo são temporários e totalitários. Jesus se referia ao Reino dos Céus e é lá que teremos a felicidade plena. E para o Reino dos Céus nós devemos agradecer muito a nossos queridos pais, que nos levaram a pia batismal, e nos fizeram filhos e filhas de Deus, pela fé católica. Que nossos pais sejam autenticas testemunhas do Evangelho.

 
 
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