Rezar pelas famílias! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Dentro da oitava do Natal, a Igreja nos convida a celebrar a Solenidade da Sagrada Família.
Contemplando a família sagrada de Nazaré: Jesus, Maria e José somos convidados a refletir sobre a importância da família na constituição da sociedade.
O Papa Bento XVI, em seu tradicional discurso anual para a Cúria Romana, se manifestou: "A grande alegria, com que se encontraram em Milão famílias vindas de todo o mundo, mostrou que a família, não obstante as múltiplas impressões em contrário, está forte e viva também hoje; mas é incontestável – especialmente no mundo ocidental – a crise que a ameaça até nas suas próprias bases. Impressionou-me que se tenha repetidamente sublinhado, no Sínodo, a importância da família como lugar autêntico onde se transmitem as formas fundamentais de ser pessoa humana. É vivendo-as e sofrendo-as, juntos, que as mesmas se aprendem. Assim se tornou evidente que, na questão da família, não está em jogo meramente uma determinada forma social, mas o próprio homem: está em questão o que é o homem e o que é preciso fazer para ser justamente homem.
Os desafios, neste contexto, são complexos. Há, antes de mais nada, a questão da capacidade que o homem tem de se vincular ou então da sua falta de vínculos. Pode o homem vincular-se para toda a vida? Isto está de acordo com a sua natureza? Ou não estará porventura em contraste com a sua liberdade e com a auto-realização em toda a sua amplitude? Será que o ser humano se torna-se ele próprio, permanecendo autônomo e entrando em contacto com o outro apenas através de relações que pode interromper a qualquer momento? Um vínculo por toda a vida está em contraste com a liberdade? Vale a pena também sofrer por um vínculo?
A recusa do vínculo humano, que se vai generalizando cada vez mais por causa duma noção errada de liberdade e de auto-realização e ainda devido à fuga da perspectiva duma paciente suportação do sofrimento, significa que o homem permanece fechado em si mesmo e, em última análise, conserva o próprio «eu» para si mesmo, não o supera verdadeiramente. Mas, só no dom de si é que o homem se alcança a si mesmo, e só abrindo-se ao outro, aos outros, aos filhos, à família, só deixando-se plasmar pelo sofrimento é que ele descobre a grandeza de ser pessoa humana. Com a recusa de tal vínculo, desaparecem também as figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho; caem dimensões essenciais da experiência de ser pessoa humana".
No domingo da Sagrada Família refletimos o Evangelho em que narra o episódio da perda e encontro do Menino Jesus no templo de Jerusalém. A Maria e José que lhe pedem explicações, quando o reencontram após três dias de busca ansiosa, Jesus responde que não se devem surpreender, porque aquele é o seu lugar, a sua casa, junto do Pai, que é Deus. A preocupação de Maria e José por Jesus é a mesma de todos os pais que educam um filho, introduzindo-o na vida e na compreensão da realidade.
Assim, como os pais de Jesus, é portanto um dever rezar hoje especialmente ao Senhor por todas as famílias do mundo.
Que nossos pais tenham a coragem de educar os seus filhos para que se formem verdadeiros cidadãos honestos, sem nunca esquecer que a fé é um dom precioso a alimentar nos próprios filhos também com o exemplo pessoal. Junto com o Papa, fazemos nosso apelo para que todos possamos rezar, também, para que cada criança seja acolhida como dom de Deus, apoiado pelo amor do pai e da mãe, para poderem crescer como o Senhor Jesus, em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens. Que nossas famílias pautem o seu vínculo conjugal pela fidelidade, pelo amor, pela oração e pela efetiva participação de suas famílias na ação pastoral da Igreja, conforme nos pede o Senhor Jesus.
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