"Fazei tudo o que ele vos disser" ( Jo. 2, 1-9) |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Reflexão em Baependí - Dia 07/12/2012, tema do 9° dia da Novena da Imaculada Conceição.
Caríssimos irmãos e irmãs, agradeço ao Revm°.Pe. José Douglas Baroni, DD. Pároco e Vigário Forâneo, a Dom Diamantino Prata, Bispo Diocesano, o convite e a permissão para presidir e encerrar a Novena da Imaculada Conceição, no dia de hoje.
É, para mim, motivo de alegria estar aqui, prestando minha homenagem à veneranda Ihná Chica.
“Fazei tudo o que Jesus vos disser” ” Tenham fé!”
É muito importante para todos nós, neste Ano da Fé, refletirmos sobre o início da nova Comunidade que nasce da Fé. Constatamos no trecho evangélico que foi proclamado: Jesus foi e é um homem como nós; teve e tem amigos; aceitou e aceita convite para uma festa familiar, para um casamento, juntamente com sua Mãe e seus discípulos. Mas Cristo é também “mistério” se Ele não se revela, se Ele não manifesta sua identidade. Esta revelação Ele a fará pouco a pouco, com sua sábia pedagogia.
E tudo começou com uma festa de casamento... com uma festa familiar... E nela o seu discípulo João percebe que Jesus começou a revelar a Sua própria identidade. Isto aconteceu em Caná da Galiléia.
Do mesmo modo, a adesão dos discípulos a Cristo, história iniciada com este acontecimento. A sua confiança, a sua f´é, começa a esboçar-se exatamente em Cana da Galiéia. É aí que nasce um novo tipo de relação com Cristo e, em conseqüência, novas relações entre os próprios discípulos. O laço que deles faz uma comunidade é a fé comum, a total confiança em Jesus.
Em Cana, Cristo começa a revelar sua identidade não de modo verbal, não com palavras explícitas ou com fórmulas dogmáticas, mas através de uma linguagem simples e de gestos concretos.
Em Cana da Galiléia, portanto, começa desabrochas a fé dos discípulos, a ser formada a Comunidade de Fé, início da Igreja. Após perceberem melhor quem é Jesus, unem-se mais a Ele e vai-se formando a “Comunidade dos discípulos”. E esse grupo dos que creram em Jesus, nascido em Caná, se tornou a Igreja. Igreja cuja Cabeça, Mestre, Pastor e Guia é Jesus Cristo e cujos membros, hoje, somos todos nós batizados, seus seguidores, seus imitadores e atuais discípulos missionários, também confiantes no Senhor.
Por isso, podemos cantar: Eu confio em Nosso Senhor,com fé esperança e amor(bis)
Maria, aqui, neste acontecimento de Cana, não é considerada como mãe, mas como mulher e mulher que tem o espírito de iniciativa e na condição de mulher entra como senhora,na obra da salvação.” Faltando o vinho, a Mãe de Jesus toma a iniciativa e lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, que importa isso a mim e a ti ? Minha hora ainda não chegou”. Confiando totalmente em seu Filho, Maria apenas disse aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Como mulher, torna-se a Mulher da Nova Aliança. Como mulher, torna-se a nossa senhora e como mãe, tornar-se-á a nossa Mãe.
Por ocasião do milagre das bodas de Caná, através do qual “Jesus iniciou seus sinais, manifestou sua glória e os seus discípulos creram n’Ele,” a Virgem Maria teve o importante papel de protagonista, mediando junto a Jesus e convencendo-o “a antecipar a sua hora” e a tirar do apuro os noivos que haviam ficado sem vinho.
Este trecho do Evangelho de João, caríssimos irmãos e irmãs, nos ajuda a compreender o lugar de Maria junto de Cristo e junto dos seres humanos, (homens e mulheres), junto de todos nós.o lugar concreto, histórico,na vida cotidiana, não o lugar”teológico, dogmático” que freqüentemente foi dado à figura de Maria de Nazaré, fazendo dela uma abstração ou um ser distante e endeusado. (Puebla 302). Deus a escolheu como Mãe e colaboradora na libertação de seus filhos. Esta libertação consistiu em acompanhar Jesus, com total fidelidade, com total confiança, em sua vida desde a encarnação. E hoje, ajudando-nos a seguir Jesus Cristo com a inspiração de seu exemplo e com a companhia misteriosa de sua graça maternal.(Puebla 288)
Cântico: Vem, Maria,Vem,vem nos ajudar, neste caminhar tão difícil rumo ao Pai(bis) ou (a resposta dela)
Pelas estradas, da vida, nunca sozinho estás. Contigo pelo caminho, Santa Maria vai. // Ò vem conosco, vem caminhar, Santa Maria, vem! (bis))
Resumindo o conteúdo principal, vejamos: Quem percebeu e se deu conta da situação, a falta de vinho? A Mãe de Jesus. Mas não ficou apenas na percepção. Toma a devida providência. Faz chegar a seu Filho o constrangimento pelo qual os noivos deveriam passar. Após um diálogo misterioso com Ele, ela mesma deu ordem aos servidores: ”Fazei tudo o que Ele mandar”. E Jesus entra em ação: ordena aos servidores encherem as talhas com água. Só estes ficarão sabendo da origem daquele vinho delicioso, servido por último, aos convidados. E Jesus realiza o seu primeiro milagre.
O que percebemos? A glória de Jesus não foi resultante do milagre realizado, mas consistiu em mostrar-se sensível e serviçal, de forma escondida e gratuita, em relação ao casal em apuros, em dificuldades, em plena festa de casamento. Pela bondade de Jesus os noivos livraram-se de uma humilhação pública. E tudo aconteceu de uma maneira muito discreta. Tanto Mãe como Filho demonstrando concretamente solidariedade e serviço diante das necessidades dos outros, movidos em servi-los com generosidade, sem buscar aplausos.
Numa circunstância que hoje pode nos parecer insignificante – a falta de vinho- Jesus, a pedido de sua Mãe, intervém, e não deixa de realizar um grande milagre, com o objetivo alcançado: despertar a fé nos seus discípulos. O gesto de Jesus é uma demonstração de que Deus se compadece das pequenas situações humanas e não deixa de socorrer em coisas que parecem insignificantes.
Cântico: Vem, ó Senhor, com o teu povo caminhar! Teu Corpo e Sangue, vida e força vêm nos dar (bis) ou Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida, o Pão da alegria descido do céu (bis)
Caríssimos irmãos e irmãs, pela sua participação nas bodas de Cana e o milagre realizado, Jesus quer significar: preparar e a razão de sua vinda a este mundo ser para a humanidade o banquete da vida e vida felicidade, desposar toda a humanidade, celebrando com ela as núpcias do Cordeiro ( Is. 6,1-5)Podemos ver nos noivos, em suas famílias, em seus convidados, uma imagem da Igreja, na qual Maria exerce , com efeito, ainda hoje, o papel maternal , feminino e humano de ser elo de vida e de afeto, de nos ligar a Jesus nas coisas cotidianas. Maria encarna e aproxima o amor de Jesus por nós; torna-o mais familiar e mais acessível às pessoas. (Puebla 300). Maria, na Igreja, é mais uma fonte de confiança para todos nós; a sua mediação feminina junto a Jesus Cristo é uma “força de Pressão” discreta, e eficaz, no sentido de fazer o Senhor esteja presente no banal e no cotidiano.
Assim, como Maria transmitiu confiança a atribulada família de Caná: ”Fazei tudo o que Ele disser”, hoje continua nos pedindo:fazei tudo o que Ele ensino, implantando um Reino de Justiça e de amor, de solidariedade e fraternidade, de perdão, de paz e de santidade. Que cada um de nós, aqui presente, possa contribuir, embora de maneira diversa, sendo um membro eficiente do Corpo de Cristo. E a partir da fé em Jesus Cristo tenhamos coragem de lançar a rede em águas mais profundas”.
Jesus não apenas transformou a água em vinho, mas também o pão em seu Corpo, para vivermos unidos a Ele, como seus verdadeiros discípulos missionários.
Somos convidados, nesta celebração eucarística, a participar do banquete das bodas que Deus celebra com a humanidade, onde Jesus Cristo é ao mesmo tempo esposo e alimento e a Comunidade cristã esposa alimentada pela vida e pelo amor de Deus.
Por isso podemos cantar: Um Rei fez um grande banquete, o povo já foi convidado. A mesa já está preparada, já foi o Cordeiro imolado. ou ...................Somos felizes, os convidados, a celebrar esta ceia do Senhor. Na alegria nós viveremos, Deus se fez pão por amor.
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