O sentido da vida |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Levados pela euforia desmedida, os Filipenses começam a atribuir valor ímpar ao martírio, pois esperam que Paulo, seu fundador e líder, dê provas definitivas de sua fé, enfrentando a morte.
Paulo está disposto a morrer. Sua dúvida está no fato de poder optar entre a vida e a morte. Enfrentando o martírio, satisfaria, de uma vez por todas, se u desejo de estar com Deus: "Para mim, morrer representa um lucro".
Todavia, o anúncio de Evangelho exige sua presença: "Mas, se eu ainda continuo vivendo, poderei fazer algum trabalho útil. Por isso é que não sei bem o que escolher. Fico na indecisão: meu desejo é partir dessa vida e estar com Cristo... No entanto, por causa de vocês, é mais necessário que eu continue a viver."
Por isso é que, provavelmente, decide recorrer a um trunfo que tem em mãos: ao se declarar cidadão romano, certamente seria posto em liberdade, pois o direito romano tinha como princípio não condenar à morte um cidadão sem antes fazê-lo passar por um minucioso processo. "No entanto, por causa de vocês, é mais necessário que eu continue a viver. Convencido disso, sei que vou ficar com todos vocês, para ajudá-los a progredir e a ter alegria na fé. Assim, quando eu voltar para junto de vocês, o orgulho de vocês em Jesus Cristo irá aumentar por causa de mim."
São Paulo correu o risco de contrariar as expectativas dos Filipenses. Preferiu fazer uso de seu título de cidadão romano e assim obter a liberdade, a fim de continuar evangelizando. E, com isso, nos ajudou a redimensionar a questão do martírio. Apesar de o martírio ser a prova mais elevada do amor pelo Reino, os cristãos devem lutar para que seja evitado, pois onde há mártires, é sinal de que a justiça ainda não aconteceu. E as comunidades devem aprender que é melhor ter seus líderes vivos e atuantes na transformação da sociedade injusta do que cultuá-los como mártires. Enfim, uma só coisa importa: viver de acordo com o Evangelho. A vida só tem sentido quando confrontada com o Evangelho, que é a própria pessoa do Senhor Jesus morto e ressuscitado.
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