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Deus vem para que voltemos a Ele – Preparação para a vinda do Senhor
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A esperança tem um tempo concreto. Não é algo que resida sempre num futuro enevoado e sem formas. Ela condiciona  nossa maneira de viver aqui e agora. A esperança nos faz pensar em algo que dá sentido àquilo que acontece ao nosso redor, nesse momento de nossas vidas, em nossa casa, em nossa comunidade, no mundo e no universo.

No Advento, nossa esperança, a confiança em que este presente tem sentido, encontra suas raízes no  relato , repetido a cada ano e nunca completamente assimilado, do nascimento de Jesus. Para essa lembrança se orienta todo o Advento.

Falta-nos, porém, percebermos que o relato do nascimento de Jesus não é um mito da antiguidade. Não é uma história inventada para justificar certos comportamentos ou crenças. Trata-se de algo que aconteceu em um determinado momento histórico e em lugar geográfico concreto. O nascimento de Jesus é a encarnação de Deus. E essa encarnação é real.. Não é uma visão. Não é uma novela de ficção. Não é um sonho. Jesus foi um personagem histórico. Relacionou-se com pessoas concretas. O evangelho de Lucas se esforça por apresentá-lo ligado aos acontecimentos históricos de seu tempo.

Se Jesus foi batizado por João, então Lucas nos diz que João iniciou seu ministério profético “no ano quinze do reinado do imperador Tibério”. E fornece ainda outras informações históricas.

Não é demais recordar que a encarnação situa Deus em nossa história, em um tempo e momento concretos. Isto significa que nossa vida cristã – que se desenvolve e se desdobra a partir da fé e da esperança na salvação que Deus nos oferece em Jesus – atua e se experimenta no concreto de nossa história.

O Advento nos faz descer das alturas, nos faz deixar o silêncio de nossos quartos e capelas, de nossas igrejas e rituais. Convida-nos a ir para a rua e nos misturarmos com o barulho das pessoas, dos carros, dos vendedores, dos pobres que pedem esmolas e das sirenes da polícia. O Advento nos recorda que é aí o lugar onde encontramos Deus. O primeiro sacramento, o mais autêntico e real de todos, é a pessoa humana. Qualquer pessoa humana é um sinal da presença de Deus. Quando Ele decidiu aproximar-se de nós, assumiu um rosto real, o rosto de Jesus. Desde então, qualquer rosto – e, talvez, com maior veemência, os rostos mais sujos, mais desgarrados e mais sofredores – é sacramento da presença de Deus entre nós.
Hoje, no momento presente, voltamos nosso olhar para os nossos irmãos e irmãs e descobrimos que Jesus, aquele que vem, confere sentido ao nosso compromisso de fazer do mundo um lugar mais justo e mais fraterno.

 
 
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