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A Transparência e o Diálogo
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Tendo terminado o 13º. Sínodo Ordinário dos Bispos, o quinto do pontificado de Bento XVI, no que me foi possível de longe acompanhar, em considerações feitas, me chamaram muito a atenção: a disponibilidade para dialogar e a transparência econômica.

Em primeiro lugar o diálogo: o Santo Padre, em atitude de Pastor Universal da Igreja Católica e Sucessor do Apóstolo Pedro na Sé de Roma, teve a atitude bonita e humilde de ouvir, pacientemente e com vivo interesse as intervenções dos Padres Sinodais. E à partir desta fraterna escuta agora irá brindar a Santa Mãe Igreja com uma oportuna exortação apostólica "pós Sinodal", acerca da Nova Evangelização, nestes tempos difíceis em que estamos vivendo, chamado de "cambiamento" de época.

Como é interessante notar que a Autoridade do Sucessor de Pedro em nada foi contestada ou diminuída quando o Santo Padre se colocou em atitude humilde de ouvir os padres sinodais, que inseridos em suas realidades pastorais nos cinco continentes do mundo, puderam mostrar como é a geografia da realidade eclesial da Santa Igreja que peregrina no mundo. O Papa ensina aos Bispos, aos presbíteros, diáconos e lideranças leigas que nenhuma atividade de governo deve ser tomada sem ser antes bem pensada, dialogada, ouvida dentro de todas as instâncias que a Igreja nos coloca, cabendo sempre, como de praxe o discernimento a quem tem o poder de regime.

Será que também não devemos aprender a ouvir os nossos fiéis; a valorizar a caminhada popular e a religiosidade de nossas comunidades eclesiais ?

Oportuna, foi também, a intervenção sinodal acerca da transparência econômica. Se os Bispos pedem transparência nas paróquias e exigem, com razão, balancetes em suas paróquias, não é menos oportuno transparência absoluta na administração de nossas Igrejas Particulares e nas Congregações Religiosas.

Vejamos, o que disse no dia 18 de outubro o Cardeal Giuseppe Versaldi, Prefeito da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, tornando-o efetivamente a máxima autoridade financeira do Vaticano. Com efeito, Versaldi argumentou que a administração dos recursos da Igreja deve respeitar a identidade distintiva da Igreja, e, portanto, a simples cópia das "melhores práticas" do mundo secular não é suficiente. "Essas técnicas são ditadas pelo mundo e freqüentemente estão em contraste com a finalidade religiosa", disse Versaldi. Por exemplo, afirmou, o mundo exterior pressupõe uma má-fé e uma intenção criminosa quando se cometem erros, enquanto que a Igreja deveria pressupor boa vontade e inocência até que se prove o contrário. Portanto, quando há um problema, disse, a primeira opção deve ser a "correção fraterna", e não chamar a polícia. "Em casos de possível má administração dos bens eclesiais, como terapia, o remédio evangélico da correção fraterna deve ser aplicado", disse Versaldi. "Antes de denunciar às autoridades, o debate pessoal deve ser aplicado para dar a possibilidade da reforma e da reparação".

Por isso se chama a atenção que a transparência vale para todos. O dinheiro doado pelos fiéis deve ser valorizado e aplicado na evangelização. E aos nossos fiéis devemos manter sempre o diálogo e a prestação de contas. Quando se presta contas com transparência a evangelização avança com transparência e diálogo.

Que possamos sempre aprender e jamais cansar de dialogar, sem quer apenas vencer.No diálogo cristão não deveria haver vencedor ou vencido, porém irmãos; e tenhamos a verdadeira e autêntica transparência na administração de nossas instâncias eclesiais, mesmo naquilo que julgamos de menor importância.

 
 
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