Jesus faz tudo bem feito |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Jesus iniciou seu ministério na Galiléia, onde vivia sua família. Na segunda etapa de seu ministério, Jesus se dirige aos povos gentílicos vizinhos, à Galiléia, tradicionalmente repudiados pelo judaísmo, começando por Tiro e, agora, na Decápole, em contato com sua população mesclada de gregos e romanos. O evangelho de Marcos destaca esta fase de missão nesses territórios, realçando como Jesus veio para libertar e comunicar a vida a todos os povos, abolindo a distinção entre povos impuros, os gentios, e povo puro, os judeus.
O homem surdo que mal pode falar, curado por Jesus na Decápole, é a expressão da submissão e alienação de um poder dominador que inibe a comunicação das pessoas. Marcos narra os gestos de Jesus, realçando assim a presença do Deus encarnado, compassivo e solidário, entre nós. Os ouvidos do homem se abrem e ele começa a falar corretamente. Jesus liberta aquele homem em território pagão. Aqueles que ouvem Jesus começam a falar corretamente, isto é, passam a anunciar os seus feitos. Esta narrativa visa a mexer com os discípulos. Eles, ainda apegados à doutrina nacionalista e segregacionista de “povo eleito”, ficam como surdos e sua palavra é frágil. Estão com dificuldade de entender que os gentios são também destinatários do Reino. É o universalismo da salvação, a comunhão com Deus oferecida a todas as criaturas. A narrativa de Marcos é pródiga em assinalar a presença física de Jesus no meio da multidão., com o toque, o uso dos dedos e da saliva sobre o homem que trouxeram para que Ele impusesse as mãos. A imposição das mãos e a própria saliva eram tidas como uma comunicação de energia e cura.
Aqueles que participaram deste episódio da cura do surdo tartamudo puseram-se a anunciar os feitos de Jesus em sua região. E eles diziam: “Tudo Ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”.
As narrativas de cura, envolvendo as multidões de excluidos, carentes e adoentados são a expressão da atenção especial de Jesus para com esses pobres, escolhidos de Deus, com o objetivo de restaurar-lhes a vida.
As diversas narrativas de cura feita por Jesus nos mostram que elas não são transformações milagrosas, mas resultam do empenho em promover a vida, restaurando a justiça e a paz no mundo.
Meditando sobre elas, pedimos ao nosso bom Jesus que, mais uma vez, ensine o mundo que a violência, a discórdia, o egoísmo não nos fazem felizes, pelo contrário, destroem a paz. Que Ele nos ensine a implantar a sua paz neste mundo tão carente e tão injusto. Queremos também, como Ele, fazer tudo bem feito.
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