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Deus é fiel à aliança
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Lendo nossa história, a história do povo de Deus, percebemos que está marcada pelo sofrimento e opressão. Deus não nos abandona, mesmo quando vivemos situações de morte e escravidão, pois Ele é o Deus fiel às suas promessas de liberdade e vida para todos.

Na liturgia do quarto domingo da Quaresma, tanto a segunda leitura como o Evangelho centralizam com clareza a misericórdia, o amor e a salvação operada por Deus em nosso favor. São as razões de nossa alegria. No Evangelho, Jesus fala com Nicodemus – como qualquer um de nós, um discípulo atento – e lhe diz uma frase que todos deveríamos anotar em um papel e guardar na carteira ou no bolso e, mais importante, no coração: “De tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu filho único”.

O amor de Deus é um amor louco, sem medida. Se Deus nos pedisse conselho, qualquer um de nós falaria para ser mais prudente em sua forma de amar. E lhe recordaríamos o ditado de que “a virtude está no meio”. Provavelmente, Deus nos responderia que não compreendemos o que é o amor. E nos convidaria a ler o famoso capítulo 13 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – e certamente não seria exagero que a lêssemos de novo.

A segunda leitura é de Paulo – da sua carta aos Efésios – e começa de uma maneira que não deixa em seus ouvintes nenhuma dúvida sobre a forma de ser de Deus e sua relação conosco: “Deus que é rico em misericórdia e nos tem um imenso amor...”. Isso já bastaria para fazer-nos repensar um pouco sobre a maneira tão miserável que temos, às vezes, de viver a nossa fé e nossa relação com Deus. Mas Paulo nos afirma mais ainda que, “quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, (Deus) deu-nos a vida juntamente com Cristo”.

Não há muito mais para dizer. Simplesmente meditar muitas vezes sobre essas frases, acolhê-las em nosso coração e permitir que retirem da cabeça muitas idéias preconcebidas que temos sobre um Deus que castiga e está atento às nossas menores faltas; que nos olha com desconfiança e não acredita em nós etc. Em nossas mãos está repudiar o amor e a vida que Deus nos presenteia em Jesus. Podemos fazer isso, mas seríamos tolos se o fizéssemos. Deus não nos pede nada em troca. Dá-nos de presente o amor para que o vivamos e compartilhemos sem medidas. O que mais s pode pedir?

Quaresma é levantar os olhos, reconhecer o amor com o qual Deus nos ama e descobrir que segui-lo é o melhor que podemos fazer com nossa vida. Por isso, já é hora de nós, batizados, fazermos uma boa confissão auricular. Procure o sacerdote de sua Paróquia e se aproxime do confessionário. Veja como isso será bom para o seu crescimento espiritual.

Nossa resposta é dar graças ao Pai do Céu pelo imenso amor com que nos ama e pela misericórdia que derrama sobre nós e compartilharmos esse amor e essa misericórdia, procurando ser concreto e expressar alguma forma real de dividir esse amor com os outros.



 
 
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