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A restauração da humanidade em Cristo
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A Quaresma é um tempo de aprofundamento da conversão, com seu apelo a uma mudança de valores recebidos da sociedade discriminatória e elitista em que vivemos. A partir da revelação em Jesus, em sua vida e suas ações, encontramos novos valores a serem assumidos em vista da promoção da vida plena para todos. O ato de conversão decorre do compromisso assumido no Batismo. O batismo de João e a pregação de Jesus se fundamentam nesta conversão.

No Antigo Testamento, encontramos a simbologia da permanência no deserto como um tempo de conversão. No êxodo do Egito, o povo, indócil a Javé, no momento em que deveria entrar na Terra Prometida, acaba ficando quarenta anos no deserto, curtindo um tempo de reconciliação com Deus.

A aliança com Deus é apresentada na primeira leitura da liturgia do primeiro domingo da Quaresma, de uma maneira antropomórfica, isto é, dentro da visão humana. O Deus que, arrependendo-se de ter feito os homens sobre a terra, resolveu exterminá-los pelo dilúvio, agora promete que não voltará a exterminar o seu povo pelas águas. Salvam-se apenas Noé, prefiguração de Abraão, e sua família, com quem é feita uma aliança da qual, a partir de uma simbologia bíblica, o arco-íris passa a ser uma lembrança.

A primeira carta de São Pedro, na segunda leitura, associa as águas destrutivas e saneadoras do dilúvio com a água do batismo, que é fonte de salvação.

A conversão a que somos chamados envolve mudanças de valores e de práticas pessoais em interação com os relacionamentos comunitários e sociais. Cumpre rompermos com os valores impostos pela cultura consumista, que atende aos interesses dos poderosos.

É tempo de, libertando-nos, de nos voltarmos amorosamente para o nosso próximo, particularmente aquele excluído e empobrecido, na prática da justiça, na partilha e na comunhão de vida.



 
 
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