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O bispo, mestre da caridade
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Ao tratar do objetivo e destino do Catecismo da Igreja Católica, “texto de referência seguro e autêntico para o ensino da doutrina católica”, seus elaboradores, em nome do Santo Padre o Papa João Paulo II, que promulgou a obra, afirmam que a obra é destinada, em primeiro lugar, aos bispos, doutores da fé e pastores da Igreja. A eles cabe o ofício de ensinar o povo de Deus.

A sua primeira tarefa é anunciar o Evangelho de Deus a todos os homens, segundo a ordem do Senhor. São os arautos da fé apostólica, “providos da autoridade de Cristo”.

 Os bispos são o visível princípio e fundamento da unidade em suas Igrejas particulares. Auxiliados pelos presbíteros, eles santificam a Igreja por sua oração e seu trabalho, pelo ministério da palavra e dos sacramentos. Santificam a Igreja por seu exemplo, agindo como modelo. É assim que “chegam, com o rebanho que lhes é confiado, à vida eterna”.
 Como se pode perceber, seu nome é sempre citado em qualquer celebração presidida por um presbítero, para indicar que é ele quem preside a Igreja particular.

Durante a sagração de um bispo, juntamente com o múnus de santificar, é conferido a ele também os de ensinar e de reger.  Segundo o Concílio Vaticano II, cujo o cinqüentenário iremos celebrar e que no Brasil a CNBB constituiu uma comissão celebrativa  confiada pelo Cardeal Damasceno Assis à presidência efetiva do Cardeal Odilo Pedro Scherer, os bispos recebem do Senhor a missão de ensinar a todos os povos e pregar o Evangelho a toda criatura, a fim de que os homens todos, pela fé, pelo Batismo e pela observância dos mandamentos, alcancem a salvação. Os bispos são como os primeiros apóstolos. Disse Jesus aos seus: ”Ide e pregai o Evangelho a toda criatura, ensinando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Em outra passagem, quando instituiu a Eucaristia, disse a seus apóstolos: “Lavei-lhes os pés. O que lhes fiz, façam também vocês.” Disse-lhes ainda: “Eu não quero sacrifícios. Eu quero misericórdia”. E Ele disse isto porque os fariseus pregavam sacrifícios, mas eram implacáveis na obediência da Lei. Observavam a letra e não o significado da letra.

Desta forma, quando Jesus pregou a misericórdia, o amor, Eles quis dizer a seus discípulos - e os bispos estão incluídos entre eles – que o mais importante é a prática do amor, do amor fraterno, da caridade.

 Portanto, podemos dizer que os bispos, discípulos de Cristo, são ou devem ser mestres na caridade. A Igreja não precisa de bispos “generais” e muito menos de bispos vigários do Papa. Os bispos são sucessores dos apóstolos e por isso mesmo devem ser  homens da caridade, do diálogo, do serviço, ou como ensinou o Cardeal Martini, em seu último livro sobre o bispo: “O bispo deve ser o primeiro a estar junto dos pobres, dos excluídos, dos não crentes, dos doentes, dos encarcerados e dos que estão padecendo de qualquer espécie de sofrimento, ouvindo e levando a mesma saudação de Jesus, na noite de Pentecostes: A Paz de Cristo esteja contigo!”.



 
 
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